sexta-feira, 30 de março de 2012

Lágrimas

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." - Jesus. (MATEUS, capítulo 11, versículo 28.)

Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento.
O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres.
Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação.
Muita gente acredita na lágrima sintoma de fraqueza espiritual. No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas de Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio... mas, nenhum deles derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e seguiram o caminho do Senhor, sofreram e anunciaram a Boa Nova da Redenção, padeceram e morreram leais na confiança suprema.
O cansaço experimentado por amor ao Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo transformam-se em laços divinos de salvação.
Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 172.

quinta-feira, 29 de março de 2012

SE SOUBESSES...

Se soubesses quão venenoso é o conteúdo de fel a tisnar o cálice da aversão, decerto compreenderias que todo golpe de crueldade não é senão desafio à tua capacidade de entendimento.
*
Se soubesses a trama de sombra que freme, perturbadora, em torno da palavra infeliz que proferes, na crítica à luta alheia, preferirias amargar no silêncio as feridas de tua mágoa, esperando que o tempo lhes ofereça a necessária medicação.
*
Se soubesses a quantidade dos crimes, oriundos da revolta e da queixa, escolherias padecer toda sorte de sofrimento antes que reclamar consideração e justiça em teu próprio favor.
*
Se soubesses a multidão de males que a vingança provoca, esquecerias sem custo os braseiros de dor que a calúnia te arremessa à existência.
*
Lembra-te de que o ódio é o grande fornecedor das prisões e de que a cólera é responsável pela maior parte das moléstias que infelicitam a vida e guarda o coração na grande serenidade, se te propões conservar em ti mesmo o tesouro da paz e a bênção da segurança.
*
Ainda mesmo que alguém te ameace com o gládio da morte, desculpa e segue adiante, porque as vítimas ajustadas aos marcos do Bem Eterno elevam-se de nível, enquanto que os ofensores, ainda mesmo os aparentemente mais dignos, descem aos precipícios do tempo para o acerto reparador.
*
De qualquer modo, se a aflição te procura, cala e perdoa sempre, porque se o Mestre nos exortou ao amor pelos inimigos, também nos advertiu que a mão erguida à delinquência da espada, agora, hoje ou amanhã, na espada fenecerá.

(De “Alma e Luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

quarta-feira, 28 de março de 2012

PROGRESSO E AMOR

Grande — é o avanço do progresso.
Maior — será sempre o amor que o ilumina.

Grande — é a inteligência dos que fabricam os pássaros metálicos que povoam os céus do mundo.
Maior — é a inteligência de quantos se utilizam deles para levantar a fraternidade entre os povos.

Grande — é a eficiência dos que engenham máquinas que eliminam as distâncias.
Maior — é o espírito de responsabilidade e entendimento daqueles que as dirigem favorecendo o trabalho.

Grande — é o raciocínio de quantos se dedicam à radiotelevisão, sustentando a informação rápida na vida comunitária.
Maior — é a bondade de quantos lhe manejam os recursos em auxílio da educação entre as criaturas.

Grande — é a força de quantos organizam as maravilhas da imprensa.
Maior — é o poder de todos aqueles que escrevem para instruir e reconfortar os irmãos em humanidade.

Grande — é a segurança dos que formaram o trator destinado a revolver facilmente o solo.
Maior — é o mérito de quantos semeiam com humildade e devotamento, formulando os prodígios do pão na mesa.

Grande — é a técnica.
Maior — é a compreensão.

Grande — é a cultura que ensina.
Maior — é a caridade que socorre.

Onde estiveres e seja com quem for, Ama sempre.
O progresso faz estruturas.
O amor acende a luz do caminho.
Por isto mesmo aprendemos a trabalhar e servir sempre, a fim de conquistarmos a felicidade maior.
Em verdade perante Deus por mais por mais amplo o surto de evolução, que nos caracterize a existência, não haverá progresso real sem a bênção do amor.

(De “Companheiro”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel).

terça-feira, 27 de março de 2012

AS TRÊS ESCOLHAS

O discípulo apresentou-se ao orientador cristão e indagou:
— Instrutor, em sua opinião, qual é a lei que englobaria em si todas as Leis de Deus?
O interpelado respondeu:
— A Lei do Bem.
— Entretanto — acrescentou o aprendiz — quem diz “lei” refere-se a clima de ação que todos devemos observar.
— Isto mesmo.
— Nesse caso, onde ficaria o livre-arbítrio?
O orientador meditou alguns momentos e considerou:
— o livre-arbítrio é concedido a todas as criaturas conscientes, porquanto, “a cada espírito será dato o que lhe cabe receber, conforme as próprias obras”. O Criador, porém, não é autor de violência. Por isso, até mesmo ante a Lei do Bem, a pessoa humana dispõe de três opções distintas. Poderemos segui-la, parar na senda evolutiva, de modo a não segui-la, ou afastarmo-nos dela pelos despenhadeiros do mal.
— Instrutor amigo, esclareça, por obséquio, a que resultados nos levam as três escolhas referidas?
O mentor aclarou, com serenidade:
— Os que observam a Lei do Bem se encaminham para as Esferas Superiores; os que preferem descansar em caminho, por vezes se demoram muito tempo na inércia, retomando a marcha com muitas dificuldades para a readaptação às tarefas da jornada; e os que se distanciam voluntariamente, nos resvaladouros do desequilíbrio, muitas vezes, gastam séculos, presos nos princípios de causa e efeito, até que, um dia, deliberem aceitar a própria renovação... Compreendeu?
O aprendiz fez leve movimento afirmativo e começou a pensar.

(De “O Essencial”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Fraternidade

"O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual sobretudo que o Espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há-de pôr em prática na sua volta à humanidade." O CÉU E O INFERNO 1ª parte - Capítulo 3º - item 10.
Saúda a madrugada do dever fazendo luz no entendimento amargurado.
Não digas que é inútil lutar, tendo em vista os insucessos pessoais.
Não creias que tudo seja caos e desordem, porque o mundo íntimo se encontre em desassossego e anarquia.
As dores valem o valor que lhes damos.
As provações significam em aflição a dimensão da taça em que as recolhemos como se fossem ácidos ou cáusticos.
Porque mal-estares te inquietem e sombras derramem fantasmas na imagem das coisas, não compares os dias a salas escuras de perspectivas negativas.
Abre a porta à fraternidade e alegra-te também. Quem cultiva urze apresenta-se cravado de espinhos.
Quem assimila decepções extravasa pessimismo.
É imprescindível romper as comportas do personalismo infeliz para que as vibrações de felicidade te visitem a casa mental.
O homem que prefere baixadas tudo povoa de limites. Mas quem sonha alcantis altaneiros e céus infinitos perde medidas e limitações para espraiar-se como o ar ou agigantar-se como a luz.
Vives as ideias que te aprazem, e, enquanto te agrades na desdita imaginária ninguém poderá clarear-te com as estrelas aurifulgentes da serenidade.
O homem transforma-se no que acalenta e vitaliza nos painéis recônditos da mente.
Por esse motivo a desencarnação promove surpresas e choques àqueles mesmos que despertam além-da-morte e que, conscientemente se ignoravam em situações lamentáveis.
Fraternidade! - Muitos crimes se cometem em teu nome!
O solo e a mente, a água e o ar, o tempo e a luz em harmonioso conúbio oferecem o pão generoso e rico à mesa.
A paciência e o trabalho no labor do artesão se unem para a grandeza da arte.
A argila e o artífice em combinação segura dão forma à cerâmica preciosa.
O buril e o amor identificados renovam as visões e paisagens sombrias da Terra.
Fraternidade - sol para as almas, roteiro para a vida!
Em todo lugar há lugar para a fraternidade.
Os povos a preconizam estimulando a beligerância.
Pronunciam-lhe o nome, arregimentando soldados.
Lecionam diretrizes em torno dela, assaltando países indefesos para discutirem a paz, demoradamente, nos Organismos próprios, enquanto a hidra da guerra dizima populações...
A fraternidade começa no lugar em que estamos, a fim de atingir a região onde não iremos.
Aceitas a ira que gera conflitos, que cria violências, que estimula o crime.
Agasalhas o ódio que oblitera a razão, que acicatá instintos, que estruge em convulsões.
Corporificas azedumes que consomem o equilíbrio, que facultam desordens, que enlouquecem.
No entanto, a palavra de Jesus é inconfundível:
- "Bem-aventurados os mansos porque herdarão a Terra
Mansuetude para a ação fraternal - eis a rota.
Procurando expressar a própria ventura e homenagear com a sua gratidão o Mestre Incomparável, conhecido militante espírita, desencarnado, demandou, na noite evocativa do Natal, região pavorosa de angústia punitiva e dor reparadora, no Mundo Espiritual, para evangelizar a turbamulta ignara e obscena.
Abrindo pequeno Evangelho, nos apontamentos de Mateus no Sermão da Montanha começou a ler as anotações consoladoras registradas pelo Discípulo Amado.
Enquanto a voz harmoniosa e calma vibrava amor fraternal no reduto purgatorial, antigo sicário de consciências, turbulento e impiedoso, agora entregue à própria rebeldia, explodindo ira, solicitou o livro singular, e, diante do evangelizador despedaçou as páginas, que atirou sobre o charco nauseabundo em que se revolvia.
Longe de revidar, o mensageiro da Palavra da Vida Eterna tomado de incomum sentimento fraternal, exclamou:
- "Perdoa-me não ter conseguido alcançar tua alma com o verbo divino, considerando a minha própria inferioridade!"
Houve uma pausa na densa região de amargura.
- "Compreendo, meu irmão - prosseguiu, comovido -, tua revolta, no entanto, não conheces Jesus. Reconheço-me indigno de apresentá-Lo; todavia, sabendo-O o Médico do Amor por excelência não consigo recuar... Recorda o Rei singular, nascido em manjedoura e supliciado na Cruz, a balbuciar, em hora de terrível soledade:
- "Perdoa-os, meu Pai!"...
Não pode prosseguir. Não disse mais, nem se fazia necessário.
O verdugo se levantou, em pranto, e acudiu, dizendo:
- "Fala-me d’Ele, esse Homem que te dá forças para vencer a ira e amar a ponto de chamar-me irmão".
Fraternidade!
Começa agora mesmo o teu programa fraternal, tendo paciência contigo próprio, no caminho evolutivo por onde rumas...

FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 40

sexta-feira, 23 de março de 2012

O Conquistador Diferente

Os conquistadores aparecem no mundo, desde as recuadas eras da selvageria primitiva. E, há muitos séculos, postados sem soberbos carros de triunfo, exibem troféus sangrentos e abafam, com aplausos ruidosos, o cortejo de misérias e lágrimas que deixam à distância. Sorridentes e felizes, aceitaram as ovações do povo e distribuem graças e honrarias, cobertos de insígnias e incensados pelas frases lisonjeiras da multidão. Vasta fileira de escritores congrega-se-lhes em torno, exaltando-lhes as vitórias no campo de batalha. Poemas épicos e biografias romanceadas surgem no caminho, glorificando-lhes a personalidade que se eleva, perante os homens falíveis, à dourada galeria dos semideuses.
Todavia, mais longe, na paisagem escura, onde choram os vencidos, permanecem as sementeiras de dor que aguardarão os improvisados heróis na passagem implacável do tempo. Muitas vezes, contudo, não chegam a conduzir para o túmulo as medalhas que lhes brilham no peito dominador, porque a própria vida humana se incumbe de esclarece-los, através das sombras da derrota, dos espinhos da enfermidade e das amargas lições da morte.
Dario, filho de Histaspes, reis dos persas, após fixar o poderio dos seus exércitos, impôs terríveis sofrimentos à Índia, a Trácia e à Macedônia, conhecendo, em seguida, a amargura e a derrota, à frente dos gregos.
Alexandre Magno, por tantos motivos admirado na história do mundo, titulou-se generalíssimo dos helenos, em plena mocidade e, numa série de movimentos militares que o celebrizaram para sempre, infligiu inomináveis padecimentos aos lares gregos, egípcios e persas; todavia, apesar das glórias bélicas com que desafiava cidades e guerreiros, fazendo-se acompanhar de incêndios e morticínios, rendeu-se à doença que lhe imobilizou os ossos em Babilônia.
Aníbal, o grande chefe cartaginês, espalhou o terror e a humilhação entre os romanos, em sucessivas ações heróicas que lhe imortalizaram o nome, na crônica militar do Planeta; contudo, em seguida à bajulação dos aduladores e à falsa concepção de poder, foi vencido por Cipião, transformando-se num foragido sem esperança, suicidando-se, por fim, num terrível complexo de vaidade e loucura.
Júlio César, o famoso general que pretendia descender de Vênus e de Anquises, constitui um dos maiores expoentes do engenho humano; submeteu a Gália e desbaratou os adversários em combates brilhantes, governando Roma, na qualidade de magnífico triunfador; no entanto, quando mais se lhe dilatava a ambição, o punhal de Bruto, seu protegido e comensal, assassinou-o, sem comiseração, em pleno Senado.
Napoleão Bonaparte, o imperador dos franceses, depois de exercer no mundo uma influência de que raros homens puderam dispor na Terra, morre, melancolicamente, numa ilha apagada, ao longo da vastidão do mar.
Ainda hoje, os conquistadores modernos, depois dos aplausos de milhões de vozes, após a dominação em que se fazem sentir, magnânimos para os seus amigos e cruéis para os adversários, espalhando condecorações e sentenças condenatórias, caem ruidosamente dos pedestais de barro, convertendo-se em malfeitores comuns, a serem julgados pelas mesmas vozes que lhes cantavam louvores na véspera.
Todos eles, dominadores e tiranos, passam no mundo, entre as púrpuras do poder, a caminho os mistérios do sofrimento e dos desencantos da morte. Em verdade, sempre deixam algum bem no campo das relações humanos, pelas novas estradas abertas e pelas utilidades da civilização, cujo aparecimento aceleram; todavia, o progresso amaldiçoa-lhes a personalidade, porque as lágrimas das mães, os soluços dos lares desertos, as aflições da orfandade, a destruição dos campos e o horror da natureza ultrajada, acompanham-nos, por toda parte, destacando-os com execráveis sinais.
Um só conquistador houve no mundo, diferente de todos pela singularidade de sua missão entre as criaturas. Não possuía legiões armadas, nem poderes políticos, nem mantos de gala. Nunca expediu ordens e soldados, nem traçou programas de dominação. Jamais humilhou e feriu. Cercou-se de cooperadores aos quais chamou "amigos". Dignificou a vida familiar, recolheu crianças desamparadas, libertou os oprimidos, consolou os tristes e sofredores, curou cegos e paralíticos. E, por fim, em compensação aos seus trabalhos, levados a efeito com humildade e amor; aceitou acusações para que ninguém as sofresse, submeteu-se à prisão para que outros não experimentassem a angústia do cárcere, conheceu o abandono dos que amava, separou-se dos seus, recebeu, sem revolta, ironias e bofetadas, carregou a cruz em que foi imolado e na sua morte passou por ser a de um ladrão.
Mas, desde a última vitória no madeiro, tecida em perdão e misericórdia, consolidou o seu infinito poder sobre as almas, e, desde esse dia, Jesus Cristo, o conquistador diferente, começou a estender o seu divino império no mundo, prosseguindo no serviço sublime da edificação espiritual, no Oriente e no Ocidente, no Norte e no Sul, nas mais cariadas regiões do Planeta, erguendo uma Terra aperfeiçoada e feliz, que continua a ser construída, em bases de amor e concórdia, fraternidade e justiça, acima da sombria animalidade do egoísmo e das ruínas geladas da morte.

Pelo Espírito Irmão X - Francisco Cândido Xavier. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos. FEB. Capítulo 3.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Advogado da Cruz

No mundo antigo, o apelo à Justiça significava a punição com a morte. As dívidas pequeninas representavam cativeiro absoluto. Os vencidos eram atirados nos vales imundos. Arrastavam-se os delinqüentes nos cárceres sem esperança. As dádivas agradáveis aos deuses partiam das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se de flores, enquanto os miseráveis se trajavam de espinhos.
Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele. Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através de uma estrebaria singela.
Em breve, porém, restaurava o templo da fé viva, na igreja universal dos corações amantes do bem. Deu vista aos cegos. Curou leprosos e paralíticos. Dignificou o trabalho edificante, exaltou o esforço dos humildes, quebrou as algemas da ignorância, instituiu a fraternidade e o perdão.
Processaram-no, todavia, os homens perversos, à conta de herético, feiticeiro e ladrão.
Depois do insulto, da ironia, da pedrada, conduziram-no ao madeiro destinado aos criminosos comuns.
Ele, que ensinara a Justiça, não se justificou; que salvara a muitos, não se salvou da crucificação; que sabia a verdade, calou-se para não ferir os próprios verdugos.
Desde esse dia, contudo, o Sublime Advogado transformou-se no Advogado da Cruz e, desde o supremo sacrifício, sua voz tornou-se mais alta para os corações humanos. ele, que falava na Palestina, começou a ser ouvido no mundo inteiro; que apenas conversava como o povo de Israel, passou a entender-se com as várias nações do Globo; que somente se dirigia aos homens de pequeno país, passou a orientar os missionários retos de todos os serviços edificantes da Humanidade.
Que importam, pois, nos domínios da Fé, as perseguições da maldade e os ataques da ignorância? A advogado da Cruz continua operando em silêncio e falará, em todos os acontecimentos da Terra, aos que possuam "ouvidos de ouvir".

Pelo Espírito Emmanuel - Francisco Cândido Xavier. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos. FEB.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O Mestre e o Apóstolo

Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.
Jesus, o Mestre.
Kardec, o Professor.
Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.
Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.
Jesus é combatido, desde a primeira obra do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.
Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.
Jesus caminha sem convenções. Kardec age sem preconceitos.
Jesus exige coragem de atitudes. Kardec reclama independência mental.
Jesus convida ao amor. Kardec impele à caridade.
Jesus consola a multidão. Kardec esclarece o povo.
Jesus acorda o sentimento. Kardec desperta a razão.
Jesus constrói. Kardec consolida.
Jesus revela. Kardec descortina.
Jesus propõe. Kardec expõe.
Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos. Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.
Jesus afirma que é preciso nascer de novo. Kardec explica a reencarnação.
Jesus reporta-se a outras moradas. Kardec menciona outros mundos.
Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um pelas próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito. Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.
Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.
Jesus, a porta. Kardec, a chave.

Livro "Opinião Espírita” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 20 de março de 2012

Os Três Crivos

... certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te em particular...
- Espera!... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três crivos? – perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade.
Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar?
- Bem ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e ... então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que queres me contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não... Muito pelo contrário...
- Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado. – Útil não é...
- Bem – rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é Verdadeiro, nem Bom e nem Útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...

Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência...

Autor: Irmão X
Psicografia de Chico Xavier

segunda-feira, 19 de março de 2012

O HOMEM FLEXÍVEL


Nada na Terra pode vencer o homem flexível, pois tudo pode conseguir aquele que não oferece resistência. A propósito, a maioria das coisas muito duras tem grande propensão para quebrar.
Dizem as tradições orientais que a água é o mais poderoso dos elemen­tos, porque é a excelência no mais alto grau da "não-resistência”. Ela pode desgastar uma rocha e arrasar tudo à sua frente. Ao mesmo tempo, quando encontra uma pedra pelo caminho, não fica irritadiça, contorna os obstácu­los; e, se pressionada por algum motivo, comprime-se o quanto quer.
Não fica lá, parada, censurando, pois não vê nenhuma vantagem em perder tempo e energia por causa de um incidente natural. A água se desvia da pedra e segue normalmente seu curso. Por que se estressaria com a ordem regular das coisas?
As águas de um rio vão para o oceano, para o grandioso. É para isso que ela está em andamento. Isso é que importa. Os detritos são entraves característicos do caminho. Se a água combatesse os pedregulhos, as grandes pedras, árvores submersas, terrenos em declive, ela se consumiria desneces­sariamente e, por consequência, retardaria sua chegada ao mar.
Assim como o curso natural do rio tem como desígnio levar suas águas para a imensidade do oceano, nós igualmente temos um ministério a cumprir. Se ficarmos inflexíveis, resistindo e nos envolvendo com cada um dos pequenos contratempos do cotidiano, isso só vai redundar em impedi­mento para cumprimos a tarefa evolutiva de nossa existência.
Os antigos sábios perceberam que, no fato do bem viver, o que impera é a flexibilidade, tal como faz a água, o melhor modelo de fluxo da Natureza.
Durante as estações do ano, o que percebemos é seu movimento contínuo em todas as suas manifestações: rios, lençóis freáticos, lagos, mares, neve, degelo, nuvens e evaporação.
Se a vida é transformação, variação, ciclo e impermanência, o que rege a existência humana também são as oscilações sucessivas e flexíveis que obedecem a uma Ordem Providencial. É bom lembrarmos que as almas mais fortes são as mais maleáveis, abertas a mudanças e a novas informações.
Somos membros do Universo em contínua evolução e precisamos aprender a nos adaptar e a nos ajustar a uma visão de mundo passível de transformação, reciclando pensamentos, crenças e ideias, fazendo novas interpretações das circunstâncias e das ocorrências do cotidiano. Não deve­mos ser homens automatizados. Onde não há liberdade para se questionar, não há ética.
Nossa alma terá firmeza e vigor diante das intempéries se conseguir­mos manter a mesma flexibilidade do "caniço", prontos a ceder diante das renovações, reformulando planos, admitindo novas opiniões, aderindo a convicções baseadas em provas incontestáveis, fazendo associações prazerosas e estimulantes; angariando, assim, energias que fortalecem e alimentam o próprio espírito.
"Fluir" não quer dizer somente "passar por", "deixar-se conduzir", "percorrer distância”, "circular com rapidez". O fluxo ao qual nos referimos é muito mais do que isso. Na verdade, falamos da ritmicidade cósmica que comanda o Universo e que mantém tudo em perfeita ordem.
Não existe o caos. Em todas as coisas reina um ciclo, um propósito ou trajetória em completa harmonia. Às vezes, temos a impressão de que a desordem e a confusão mental invadem nosso reino interior, mas, se olharmos num nível mais profundo, perceberemos que tudo está em plena concordância. A dureza, a agitação e o tumulto provêm da postura ególatra da visão humana.
De modo geral, as pessoas resistentes, podem estar sendo assaltadas por fortes imagens mentais de situações de inflexibilidade vividas no lar. Quando uma criatura associa um fato recente a uma situação registrada anteriormente (ainda que não se dê conta disso), seus sentimentos agem imediatamente como se ela estivesse vivenciando o próprio fato precedente.
Existe uma ponte entre hábitos e generalização. A existência humana nada mais é do que uma textura de hábitos. Hábitos do pretérito somados aos do presente. Evidentemente, nossa forma costumeira de ser, fazer, sen­tir, individual ou coletivamente, é produto de nossas vivências associadas às mais diversas motivações. Elas determinam ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento individual da criatura.

MORAL DA HISTÓRIA:
Novas ocorrências requerem novas conclusões. Quando verificamos nossos equívocos ou mesmo mudamos de ideia sobre algo ou alguém e, ainda assim, permanecemos inflexíveis e arrogantes diante de uma tomada de decisão, isso pode ser o caminho certo para atingirmos a infelicidade e as desditas existenciais.
Não devemos subestimar a voz do coração ou nos julgar frágeis e fracos por mudarmos nossa maneira de sentir, pensar e agir diante das coisas. Sem erro não há conhecimento; sem conhecimento não há evolução: e sem evolução o homem não teria chegado ao estágio em que se encontra.
Cabe a nós, então, encarar os desacertos como parte integrante do processo evolutivo, como algo a ser repensado. Libertemo-nos das culpas, das eternas queixas, das comoções de irritação, da agressividade e da frustração.
Tentar parecer forte, enérgico e decidido perante as situações que requerem mudança pode nos levar ao que sucedeu com o carvalho.
Quebra "a árvore que enfrenta o vento forte e tenta a todo custo manter-se em pé; a cana dobra, inclina a fronte" e permanece ilesa.

(De “LA FONTAINE E O COMPORTAMENTO HUMANO”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado pelo Espírito Hammed)

sexta-feira, 16 de março de 2012

A VIDA VERDADEIRA

“Eu vim para que tenhais vida...” - Jesus (Jo, 10:10)

        Entendendo a amplitude do conceito de vida, na Terra, e pensando na afirmativa de Jesus de que viera nos trazer vida, torna-se imperioso meditar na profundidade da questão.
        Ele trazia vida para quem já estava na vida e vivo? Certamente que não. Ele vinha portando uma mensagem de vida espiritual para quem se encontrava num contexto de vida mortificada.
        A vida espiritualizada corresponde a toda atividade da alma que exprime fidelidade ao bem, à alegria, ao trabalho digno, à esperança, à confiança nas resoluções de Deus e confiança no progresso do ser humano. Essa vida interior também se nutre da convivência fraterna na sociedade, da exaltação das virtudes, da eliminação de tudo o que represente viciação, corrupção, defecção.
        Em contrapartida, a morte será indicada por tudo o que insufle ou alimente a traição, a ignorância, a concupiscência, a exploração do homem pelo homem, a prostituição no seu sentido mais amplo, o desrespeito às bases da família, indicando descaso ou indiferença para com os valores das leis de Deus. Essa morte moral é fermentada pelos posicionamentos de descaso para com os movimentos do progresso de si mesmo, quando se prefere o nivelamento do ser pelas faixas inferiores da alma humana que, em situações assim, muito se assemelha aos níveis da selvageria, aos degraus da grosseria e brutalidade, quando não os ultrapassa.
        A vida que Jesus veio trazer não é aquela que faz vicejar corpos esbeltos, mas aquela que faz brilhar almas formosas.
        Por isso é que Ele se dirigia a quem se movia em corpos carnais, mas que padeciam de indescritíveis torturas da alma.
        Daí ter Ele falado em vida abundante a quem se habituara a uma vivência mesquinha, empobrecida, apequenada.
        Sua lição é, assim, para todos os tempos e povos, pois, quando encontramos sociedades ricas e homens pobres, medicinas desenvolvidas e homens enfermos, estados poderosos e homens escravos, religiões faiscantes de adereços e discursos pomposos e homens egoístas e materializados, à cata dos imediatismos perturbadores de um dia, sentimos a razão da mensagem do Mestre Nazareno: “Eu vim para que tenhais vida, e vida abundante”.
      Permitamo-nos buscá-la, permitamo-nos vivê-la para que experimentemos a ventura dentro d’alma, desde aqui, das lidas terrenas, aclimatando-nos, pouco a pouco, à vivência ditosa junto aos Emissários da Vida Maior, que refletem, junto a nós, o pensamento do Cristo.
        Ele é aquele que nos traz a vida verdadeira, vibrante, feliz, abundante, propondo-nos fazer nobre uso dela, a fim de que Nele possamos viver para sempre.

(De “Quem é o Cristo?”, de J. Raul Teixeira, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor)

quinta-feira, 15 de março de 2012

SEMEIA E SEMEIA

        Ei-los, em esfuziante alegria, permutando sorrisos num festival de juventude, que lhes parece não ter fim. Folgazões, transitam de cidade em cidade espairecendo, caçando prazeres, renovando emoções. Quase esvoaçantes, coloridos, recordam bandos de aves arrulhando nas florestas da vida.
        Embriagados pelo licor da frivolidade passam gárrulos e ligeiros, sem pousos certos, alongando-se pelas estradas vastas das férias intermináveis.
        Ao lado deles trabalham aqueloutros que os invejam e lhes exploram a loucura, quais formigas diligentes que acumulam para si, ceifando a plantação alheia, receosas da escassez hibernal. São gentis a preço de ouro e vendem cortesia, detestando-os quase, em silêncio, reprochando-lhes o comportamento leviano, sentindo-se magoados por não poderem fazer o mesmo.
        Aqueles vêm para cá buscando o sol e estes saem daqui procurando as temperaturas brandas. Uns sobem as montanhas e outros as descem, agitados, todos, a buscarem nada.
        Perderam a paz íntima e não sabem, talvez não desejem saber.
        Anestesiam-se com a ilusão e fogem da realidade, enlouquecendo paulatina, irreversivelmente.
***
        Dizes que conheces as nascentes da água lustral do bem e da harmonia. Gostaria de ofertá-las, a cântaros cheios, ou abrindo, com as mãos da ternura, sulcos profundos por onde jorrassem filetes a se transformarem em rios de abundância a benefício de todos.
        Eles, porém, os sorridentes e os corteses que defrontas, recusam a tua oferenda.
        Falas sobre o amor e zombam.
        Cantas a verdade e promovem balbúrdia.
        Emocionas-te ante a dor e os irritas.
        Apresentas Jesus e desertam, ansiosos, tentando novas expressões de fuga, desinteressados e belicosos contra ti.
        Não te entristeças ante os panoramas sombrios do momento. Logo mais, na estação própria, haverá luz e cor, reverdecendo a paisagem cinza, florindo-a, perfumando-a.
        Possivelmente, já transitaste em rotas semelhantes e por essa razão sentes o amargor tisnar teus lábios, vendo-os e ouvindo-os, sabendo que este ludíbrio não dura indefinidamente. Eles despertarão sim, como já despertaste para outra realidade que agora te abrasa a vida e dá-te forças para avançar.
***
        Hoje, todos estes estão fugindo de si mesmos. Ontem, porém, quando estavas com eles, fugias também, conduzindo as armas da guerra e do crime, que alguns já têm nas mãos e que outros irão tomá-las com avidez.
        Considera, então, o quanto macerou ao imensurável Rabi, vê-los, assim, sanguinários e irresponsáveis, tendo-O ao lado sem O desejarem, ouvindo-O sem O quererem entender... Longa para o Mestre foi a via dolorosa, enquanto com eles e com nós todos, até hoje, que ainda não O sabemos amar nem servi-Lo.
        Afeiçoa-te, por tua vez, à lavoura do amor e semeia, conquanto escasseiem ouvidos abertos e mentes acessíveis à semente de luz.
        O Colégio Galileu reuniu apenas doze, ao chamado de Jesus, e não obstante a deserção de um discípulo equivocado, outro foi eleito para o seu lugar, ao tempo em que a palavra de vida eterna se espalhava como pólen fecundo penetrando, desde então, milhões de vidas que se felicitaram com a Verdade, alargando as avenidas da esperança para a Humanidade inteira.
        Assim, semeia e semeia.

Joanna de Ângelis - (De “Sol de Esperança”, de Divaldo P. Franco, - Diversos Espíritos)

quarta-feira, 14 de março de 2012

SE SOUBESSES...

        Se soubesses quão venenoso é o conteúdo de fel a tisnar o cálice da aversão, decerto compreenderias que todo golpe de crueldade não é senão desafio à tua capacidade de entendimento.
*
        Se soubesses a trama de sombra que freme, perturbadora, em torno da palavra infeliz que proferes, na crítica à luta alheia, preferirias amargar no silêncio as feridas de tua mágoa, esperando que o tempo lhes ofereça a necessária medicação.
*
        Se soubesses a quantidade dos crimes, oriundos da revolta e da queixa, escolherias padecer toda sorte de sofrimento antes que reclamar consideração e justiça em teu próprio favor.
*
        Se soubesses a multidão de males que a vingança provoca, esquecerias sem custo os braseiros de dor que a calúnia te arremessa à existência.
*
        Lembra-te de que o ódio é o grande fornecedor das prisões e de que a cólera é responsável pela maior parte das moléstias que infelicitam a vida e guarda o coração na grande serenidade, se te propões conservar em ti mesmo o tesouro da paz e a bênção da segurança.
*
        Ainda mesmo que alguém te ameace com o gládio da morte, desculpa e segue adiante, porque as vítimas ajustadas aos marcos do Bem Eterno elevam-se de nível, enquanto que os ofensores, ainda mesmo os aparentemente mais dignos, descem aos precipícios do tempo para o acerto reparador.
*
        De qualquer modo, se a aflição te procura, cala e perdoa sempre, porque se o Mestre nos exortou ao amor pelos inimigos, também nos advertiu que a mão erguida à delinquência da espada, agora, hoje ou amanhã, na espada fenecerá.

(De “Alma e Luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

terça-feira, 13 de março de 2012

UNICAMENTE DE TI

Diante do serviço do bem, não afirmes “não posso” e não digas “nada sei”.
Lembra-te de que no curso dos dias, a se repetirem no tempo, cada hora pode trazer-nos sempre nova lição.
E há tarefas, na experiência, cuja solução depende unicamente de ti.
Nem dos mestres de teu caminho...
Nem dos amados de tua alma...
Nem dos conselheiros de tua fé...
Nem dos heróis de teu culto...
Nem dos benfeitores desencarnados...
Nem dos amigos que te rodeiam...
Unicamente de ti mesmo...
A sós contigo e ao lado dos credores e devedores de tua marcha...
É o chamamento imperioso da renúncia no lar, é o dever no campo profissional em que os pequenos sacrifícios gravam a ficha de tua honra, é o necessitado a rentear contigo na vida pública, suplicando-te amparo, é o amigo a quem podes pessoalmente desculpar, sempre que haja uma falta a ser esquecida, é a criança que te pede um minuto de apoio, é o espírito em sombra, a rogar-te leve gota de luz, através da palavra tolerante e afetuosa...
Não olvides, assim, que, se há programa de caridade a luzir para todos, há um apelo da Lei de Deus a ti somente, para que exercites a sublime virtude com tua esposa ou com teu esposo, com teu filho ou com teu amigo, com teu desafeto ou com teu devedor...
E atendendo, em silêncio, ao convite celeste, a que se faça o bem que o mundo em torno espera agora unicamente de ti, acordará, mais tarde, na Beneficência Divina, de coração convertido em astro de entendimento, a brilhar para a vida em sereno esplendor.

Emmanuel - (De “Caminho Espírita”, de Francisco Cândido Xavier – Autores diversos)

segunda-feira, 12 de março de 2012

O espelho da vida

A mente é o espelho da vida em toda parte.
Ergue-se na Terra para Deus, sob a égide do Cristo, à feição do diamante bruto, que, arrancado ao ventre obscuro do solo, avança, com a orientação do lapidário, para a magnificência da luz.
Nos seres primitivos, aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina.
Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar.
Definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando a força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar.
Em todos os domínios do Universo vibra, pois, a influência recíproca.
Tudo se desloca e renova sob os princípios de interdependência e repercussão.
O reflexo esboça a emotividade.
A emotividade plasma a idéia.
A idéia determina a atitude e a palavra que comandam as ações.
Em semelhantes manifestações alongam-se os fios geradores das causas de que nascem as circunstâncias, válvulas obliterativas ou alavancas libertadoras da existência.
Ninguém pode ultrapassar de improviso os recursos da própria mente, muito além do círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos nós, os reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação.
Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante.
Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos.
Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso.
O reflexo mental mora no alicerce da vida.
Refletem-se as criaturas, reciprocamente, na Criação que reflete os objetivos do Criador.

Francisco Cândido Xavier - Pensamento e Vida - pelo Espírito Emmanuel

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sinceridade

"Aliás, não é de bom aviso atacar bruscamente os preconceitos. Esse o melhor meio de não se ser ouvido. Por essa razão é que os Espíritos muitas vezes falam no sentido da opinião dos que os ouvem: é para o trazer pouco a pouco à verdade. Apropriam na linguagem às pessoas, como tu mesmo farás, se fores um orador mais ou menos hábil." O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 27º - Item 301 (3ª)

Em nome da verdade não apliques a palavra contundente sobre a fraqueza daqueles que caminham desequilibrados ao teu lado.
A pretexto de servir à causa do Bem não derrames espinhos pela senda onde segue teu próximo, tentando, dessa forma, ser coerente com as próprias convicções.
Falando em nome do ideal que esposas, evita a exposição petulante dos conhecimentos que um dia te conferiram; apresenta-os aos ouvintes com a simplicidade que agrada e sem a pretensão de emitires o último conceito.
Justificando a tua maneira sadia de viver, não te faças desagradável companhia, usando, indiscriminadamente, a palavra ferinte e o argumento intolerante, a expressão deprimente e a frase impiedosa em relação àqueles que ainda não podem seguir-te os passos.
Procurando libertar a tua alma do erro, não intentes escravizar aos teus caprichos de pensamentos quantos não têm possibilidade de voar contigo na amplidão do conhecimento.
Nas observações que fazes, não te esqueças que nem todos os seres se encontram preparados para ouvir-te as repreensões, mesmo quando coroadas das melhores intenções.
Procurando ajudar, não te detenhas, apenas, na descoberta da ferida; utiliza-te do singelo chumaço do algodão e cobre a enfermidade com medicação balsâmica.
Não te esqueças de que a verdade, semelhante à moral penetra, lentamente, acendendo luzes na escuridão e vencendo trevas sem precipitação em gritos, generalizando-se, poderosa.
Muitas vezes se serve melhor à verdade, calando a palavra ofensiva e constringente que jamais edifica.
Saber e silenciar, receber e guardar, ouvir e reter são manifestações que contribuem mais para a campanha de esclarecimento do que expor a verdade, aos gritos, junto às almas que não se encontram preparadas para a renovação.
Sinceridade!.
Quantas vezes em teu nome se destrói, esmaga-se, desanima-se e persegue-se, acreditando servir à honra e ao bem.
Por isso mesmo, lavra teu campo, meu irmão, semeia a bondade e a luz e, sendo sincero para contigo mesmo, serve ao ideal do Cristo na humanidade inteira, ajudando, sem cessar, a quantos caminham pelas tuas veredas.
Não será isto, porventura, o que Jesus faz conosco?

FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 18

quinta-feira, 8 de março de 2012

O Homem com Jesus

"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos." - Paulo. (Filipenses, 4:4.)

Com Jesus, ergue-se o Homem
Da treva à Luz...
Da inércia ao serviço...
Da ignorância à sabedoria...
Do instinto à razão...
Da força ao direito...
Do egoísmo à fraternidade..
Da tirania à compaixão...
Da violência ao entendimento...
Do ódio ao amor...
Da posse mentirosa à procura dos bens imperecíveis...
Da conquista sanguinolenta à renúncia edificante...
Da extorsão à justiça... ...
Da dureza à piedade...
Da palavra vazia ao verbo criador...
Da monstruosidade à beleza...
Do vício à virtude...
Do desequilíbrio à harmonia...
Da aflição ao contentamento...
Do pântano ao monte...
Do lodo à glória.
Homem, meu irmão, regozijemo-nos em plena luta redentora!
Que píncaros de angelitude poderemos alcançar se nos consagrarmos realmente ao Divino Amigo que desceu e se humilhou por nós?

(De “Pão Nosso”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Deus Sabe

Há momentos muito difíceis, que parecem insuperáveis, enriquecidos de problemas e dores que se prolongam,
intermináveis, ignorados pelas mais próximas afetos, mas que DEUS sabe.
Muitas vezes te sentirás à borda de precipícios profundos, em desespera, e por todos abandonado.
No entanto, não te encontrarás a sós, porque, no teu suplício, DEUS sabe o que te acontece.
Injustiçado, e sob o estigma de calúnias destruidoras, quando, experimentando incomum angústia, estás a
ponto de desertar da luta, confia mais um pouco, e espera, porque DEUS sabe a razão do que te ocorre.
Vitimado por cruel surpresa do destino, que te impossibilita levar adiante os planos bem formulados,
não te rebeles, entregando-te à desesperação, porque DEUS sabe que assim é melhor para ti.
Crucificado nas traves ocultas de enfermidade pertinaz, cuja causa ninguém detecta, a fim de minimizar-lhe
as conseqüências, ora e aguarda ainda um pouco, porque DEUS sabe que ela vem para tua felicidade.
DEUS sabe tudo!
Basta que te deixes conduzir por ELE, e sintonizando com a Sua misericórdia e sabedoria, busca realizar o
melhor, assinalando o teu caminho com as pegadas de luz, características de quem se entregou a DEUS
e em DEUS progride.

(Obra: Filho de Deus - Divaldo P.Franco/Joanna de Ângelis)

terça-feira, 6 de março de 2012

O OLHAR DE JESUS

Recordemos o olhar compreensivo e amoroso de Jesus, a fim de esquecermos a viciosa preocupação com o argueiro que, por vezes, aparece no campo visual dos nossos irmãos de experiência.
O Mestre Divino jamais se deteve na faixa escura dos companheiros de caminhada humana.
Em Bartimeu, o cego de Jericó, não encontra o homem inutilizado pelas trevas, mas sim o amigo que poderia tornar a ver, restituindo-lhe, desse modo, a visão que passa, de novo, a enriquecer-lhe a existência.
Em Maria de Magdala, não enxerga a mulher possuída pelos gênios da sombra, mas sim a irmã sofredora e, por esse motivo, restaura-lhe a dignidade própria, nela plasmando a beleza espiritual renovada que lhe transmitiria, mais tarde, a mensagem divina da ressurreição.
Em Zacheu, não identifica o expoente da usura ou da apropriação indébita, e sim o missionário do progresso enganado pelos desvarios da posse e, por essa razão, devolve-lhe o raciocínio à administração sábia e justa.
Em Simão Pedro, no dia da negação, não se refere ao cooperador enfraquecido, mas sim ao aprendiz invigilante, a exigir-lhe compreensão e carinho, e por isso transforma-o, com o tempo, no baluarte seguro do Evangelho nascente, operoso e fiel até o martírio e a crucificação.
Em Judas, não surpreende o discípulo ingrato, mas sim o colaborador traído pela própria ilusão e, embora sabendo-o fascinado pelas honrarias terrestres, sacrifica-se, até o fim, aceitando a flagelação e a morte para doar-lhe o amor e o perdão que se estenderiam pelos séculos, soerguendo os vencidos e amparando a justiça das nações.
Busquemos algo do olhar de Jesus para nossos olhos e a crítica será definitivamente banida do mundo de nossas consciências, porque, então, teremos atingido o Grande Entendimento que nos fará discernir em cada companheiro do caminho, ainda mesmo quando nos mais inquietantes espinheiros do mal, um irmão nosso, necessitado, antes de tudo, de nosso auxílio e de nossa compaixão.

(De “Viajor”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

segunda-feira, 5 de março de 2012

TAREFAS DE AMOR

        Antes de examinar a nossa condição de espíritos devedores, na esfera da consanguinidade, vejamos o lar enobrecido em sua função de oficina do amor.
        Para isso, é importante figurar o teu próprio sonho de felicidade para além da experiência terrestre.
        Se houvesse de partir agora, ao chamado da desencarnação, decerto rogarias para teu imediato proveito o céu do retorno aos entes amados.
      Quem não terá, enquanto na Terra, residindo para lá das fronteiras da morte, um coração materno, um pai amigo, um irmão ou um companheiro? Quem de nós não sentirá saudades de alguém, até que nos reunamos todos no doce país da União Sem Adeus? E muitos de nós, quando nos desenfaixamos do corpo denso, somos carinhosamente acolhidos pela dedicação dos que nos precederam, apesar dos desequilíbrios que demonstremos, para a devida restauração em bases de amor.
        Assim também, os seres queridos do Plano Espiritual, quando necessitam do regresso ao plano físico, ansiando a conquista de paz e reajustamento, escolhem o nosso clima doméstico para as temporadas de serviço regenerativo ou reequilibrante de que sejam carecedores, atendendo sempre aos imperativos do amor que nos associam.
        Se guardas no lar alguém que te enternece pela enfermidade ou provação que apresente, não julgues teus cuidados à conta de culpa e resgate, mas, sim, desenvolve-os por tributo de reconhecimento e carinho, em favor daquele coração faminto de harmonia consigo mesmo que te procurou a companhia, em nome do afeto milenário que a ele te junge desde outras eras.
        Lembra-te de que o débito da ternura e da gratidão jamais termina.
        Teu lar é um ponto bendito do Universo em que te é possível exercer todas as formas de abnegação a benefício dos outros e de ti mesmo, perante Deus. Pensa nisso e o amor te iluminará.

(De “No portal da luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de Emmanuel)

sexta-feira, 2 de março de 2012

SEGUINDO

        Não te afastes do bem, ainda mesmo que a estrada se te mostre crivada de obstáculos.
        Não te detenhas.
        Ouvirás aqueles que se instalam na retaguarda a te repetirem, de longe, os sombrios vaticínios que os fizeram parar.
        Falam dos perigos imaginários da frente; relacionam conceitos das inteligências encharcadas de pessimismo; exaltam a filosofia da indiferença; ou destacam erros do passado, apedrejando inutilmente o futuro.
        Entrega ao tempo quantos se fixaram transitoriamente nas margens do caminho, receando calamidades e abismos, e prossegue adiante.
        Não importa encontres aqueles que se revelem capazes de te golpear a esperança.
        Recorda. O espinheiro não nos fere voluntariamente e sim porque ainda se faz conhecer por lâminas agressivas. A pedra que faz tropeçar na Terra, não tem consciência disso; ela é apenas um calhau fora do lugar de servir.
        Espalha bondade e coragem, suportando com paciência as forças contrárias que, porventura se levantem, buscando barrar-te os passos.
        Caminha, amando e auxiliando e Deus te mostrará que ninguém se eleva, sem suor e sem lágrimas.
        Compreenderás que a lágrima na provação é o suor que purifica e que o suor no trabalho é a lágrima que aperfeiçoa.
        Ainda que experimente, de algum modo, o frio do entardecer, não te amedrontes perante as trevas.
        Acende a lâmpada de tua fé e prossegue servindo sempre.
        Os que caminham com Deus no coração transportam consigo os clarões da alvorada. E por mais espessas se façam as sobras nos cárceres da noite, ninguém consegue prender o esplendor do novo dia.

(De “SOMENTE AMOR”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Meimei.)

quinta-feira, 1 de março de 2012

MOMENTOS DE LUZ

Se você está feliz, ore sempre, rogando ao Senhor para que o equilíbrio esteja em seus passos...
Se você sofre, ore para que não lhe falte compreensão e paciência...
Se você está no caminho certo, ore para que não se desvie...
Se você está de espírito marginalizado, sob o risco de queda em despenhadeiros ou perigosos declives, ore para que o seu raciocínio retome a senda justa...
Se você está doente, ore a fim de que a saúde possível lhe seja restituída...
Se você tem o corpo robusto, ore para que as suas forças não se percam...
Se você está trabalhando, ore pedindo a Deus lhe conserve a existência no privilégio de servir...
Se você permanece ausente da atividade, ore, solicitando aos Mensageiros do Senhor lhe auxiliem a encontrar ou reencontrar a felicidade da ação para o bem...
Se você já aprendeu a perdoar as ofensas, ore para que prossiga cultivando semelhante atitude...
Se você reprova ou condena alguém, ore rogando à Divina Providência lhe ajude a entender o que faríamos nós se estivéssemos no lugar de quem caiu ou de quem errou, de modo a aprendermos discernimento e tolerância...
Se você possui conhecimentos superiores, ore para que não lhe falte a disposição de trabalhar, a fim de transmiti-los a outrem, sem qualquer idéia de superioridade, reconhecendo que a luz de sua inteligência vem de Deus que no-la concede para que venhamos a fazer o melhor de nosso tempo e de nossa vida, entregando-nos, porém, à responsabilidade de nossos próprios atos...
Se você ainda ignora as verdades da vida, ore para que o seu espírito consiga assimilar as lições que o Mais Alto lhe envia...
Ore sempre!
A oração é o momento de luz, nas obscuridades e provas do caminho de aperfeiçoamento em que ainda nos achamos, para o nosso encontro íntimo com o amparo de Deus...


(Obra: Tempo de Luz - Chico Xavier/André Luiz)