quinta-feira, 4 de outubro de 2012

TRANSFORMAÇÃO


      O homem triste caminhava com lentidão, abatido, pela senda, embora a festa do Dia em som e cores deslumbrantes.
        Atraído por leve falena colorida, explodiu, em consideração queixosa:
        -  Tão insignificante quão frágil, todavia, tão bela!... Que fizeste para librar ditosa nas correntes aéreas?
        A borboleta, atraída pelo apelo, respondeu, sem rebuços:
        -    Transformei-me de lagarta rastejante em flor que vibra, flutuando na atmosfera.
        “ Suportei a limitação como verme, a dificuldade que me fazia asquerosa e perseguida, aguardando, confiante, o sono que viria e do qual Alguém me despertaria para a vida.
        Agora, superadas as aflições, sou feliz.”
        Diante disso, a alma sofredora compreendeu que a felicidade de planar acima do lodo e do pó somente é possível depois do milagre da hibernação.
        Sorriu e continuou, recordando-se de que, apesar da agonia que a tomava, acima de tudo, Deus vela. Da noite arranca o dia e da morte traz ressurreição luminosa, transformando a vida.

(De “No longe do jardim”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Eros)