terça-feira, 30 de junho de 2015

Bendito Sejas - Chico Xavier


Bendito sejas, coração amigo,

Pelo pão que dás, à porta,

Ao companheiro que se desconforta,

Na aflição da penúria sem abrigo.

Deus te faça feliz pela roupa que ofertas

Aos torturados do caminho,

Que tanta vez se vão ao desalinho

Das feridas que trazem descobertas...

Deus te conceda o prêmio da ventura

Pela ternura sorridente

Com que levas ao doente

O amparo do remédio e a esperança da cura.

Deus te guarde na fonte da alegria,

Para lenir, no esforço a que te dês,

A orfandade e a viuvez

Que vivem para a dor de cada dia.

Deus, porém, te abençoe, coração brando e pasmo,

Com a mais sublime recompensa,

Quando olvidas a intromissão da ofensa,

O golpe da injustiça e a pedra do sarcasmo.

Deus te exalte no santo esquecimento

Do mal que te golpeia,

Reduzindo a extensão da chaga alheia

Sem cogitar do pronto sofrimento.

Bendito sejas, coração submisso,

Embora sábio entre os mais sábios,

No exemplo da bondade e do serviço,

Porque o amor transforma a sombra em luz

E o perdão, onde ampare, nunca erra,

Auxiliando a vida em toda a Terra

Para o reino Divino de Jesus.

Chico Xavier - Maria Dolores

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Busque o Horizonte


Conta-se que, certa vez, um homem se aproximou de Deus e pediu para que Ele lhe esclarecesse sobre algo na Criação que, segundo seu ponto de vista, não tinha nenhuma utilidade, nenhum sentido...
Deus o atendeu e perguntou qual era a falha que ele havia notado na Criação.
Senhor Deus, disse o interessado, Sua Criação é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser...
Mas, embora me esforce para compreender sua finalidade, tem algo que me parece não servir para nada.
E o que é isso que não serve para nada? Perguntou Deus.
É o horizonte, respondeu o homem.
Afinal, para que serve o horizonte?
Se eu caminho um passo na direção do horizonte, ele se afasta um passo de mim.
Se caminho dez passos, ele se afasta outros dez passos...
Se caminho quilômetros na direção do horizonte, ele se afasta os mesmos quilômetros de mim...
Isso não faz sentido! O horizonte não serve para nada.
Deus olhou para Seu ingênuo filho, sorriu e disse:
Mas é justamente para isso que serve o horizonte... Para fazê-lo caminhar.

* * *

Tantas vezes nos acomodamos em nossos estreitos limites, e nos esquecemos de andar alguns passos na direção do horizonte, que nos convida incessantemente a caminhar.
Quando nos esforçamos para ultrapassar nossos próprios limites, novas oportunidades surgem para que avancemos na direção do infinito que Deus nos reserva como meta de perfeição.
Assim, se você está paralisado pela falta de perspectivas que o incentivem a ir adiante, em busca do autoaperfeiçoamento, olhe para frente e ouça o chamamento do horizonte.
Contemple as estrelas e deseje alcançá-las: isso não é um sonho impossível.
Você é filho de Deus, portanto, herdeiro do Universo. Herdeiro das estrelas, dos mundos que gravitam nos espaços infinitos, convidando-nos a seguir em frente, vencendo os obstáculos naturais que se apresentam na caminhada evolutiva.
Mas para conseguir esse intento, é preciso esforço e perseverança. É preciso vontade de romper com as amarras que, ao longo dos séculos, nos mantêm presos aos baixos planos da experiência carnal.
E lembre-se, sempre, de que cada passo que você der na direção do horizonte, esse mais se afastará para que você continue caminhando.
E, quando você conseguir alcançar o horizonte, é porque terá alcançado a linha máxima da perfeição que a escola chamada Terra pode lhe oferecer.
Nesse instante, novos horizontes se abrirão, desafiando sempre e sempre aqueles que têm coragem de avançar, de seguir na direção da luz, da perfeição a que o Mestre de Nazaré nos convidou, dizendo: Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai celestial.

* * *

Lance seu olhar para o infinito e, mesmo que as nuvens ou as lágrimas não lhe permitam ver as estrelas, diga como quem tem certeza:

Sou herdeiro das estrelas,
Eu sou filho do Senhor,
Cultivo sonhos de beleza,
Na grandeza do amor.

Com as estrelas eu sempre sonho
E nelas vejo brilhar
A viva esperança de um dia,
Junto a elas poder estar.

Ver coisas tão sublimes
Da pátria espiritual,
Morada verdadeira
Do Espírito imortal.

Não importa o quanto espere
Eu sei que não vou perdê-las,
Pois sou filho do Senhor,
E herdeiro das estrelas.

Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Lenda das Lágrimas


Contam as lendas que, quando o Criador concluiu a Sua obra, dividiu-a em departamentos e os confiou aos cuidados dos anjos.

Após algum tempo, o Todo Poderoso resolveu fazer uma avaliação da Sua Criação e convocou os servidores para uma reunião.

O primeiro a falar foi o Anjo das Luzes. Postou-se respeitosamente diante do Criador e lhe falou com entusiasmo:

Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da Vossa misericórdia.

O sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia.

Deus abençoou o Anjo das Luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.

Depois foi a vez do Anjo da Terra e das Águas, que exclamou com alegria:

Senhor, sobre o mundo que criastes, a Terra continua alimentando fartamente todas as criaturas. Todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida.

E as águas, que parecem constituir o sangue bendito da Vossa obra terrena, circulam no seio imenso, cantando as suas glórias.

O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.

Em seguida, falou radiante, o Anjo das Árvores e das Flores.

Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com sublime dedicação.

As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do Vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do planeta.

Logo após falou o Anjo dos Animais, apresentando a Deus seu relato sincero.

Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as Vossas leis, acatar a Vossa vontade.

Todos têm a sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a sabedoria do seu Criador.

Deus, jubiloso, abençoou Seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.

Foi quando chegou a vez do Anjo dos Homens. Angustiado e cabisbaixo, provocando a admiração dos demais, exclamou com tristeza:

Senhor, ai de mim! Enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são executados Seus decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens...

Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-arbítrio criam todos os motivos de infelicidade.

Inventaram a chamada propriedade sobre os bens que lhes pertencem inteiramente, e dão curso ao egoísmo e à ambição pelo domínio e pela posse.

Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.

Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada pelas lágrimas, falou docemente:

Essa situação será remediada. E, alçando as mãos generosas, fez nascer, ali mesmo no céu, um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas líquidas, entregou-o ao servidor, dizendo:

Volta à Terra e derrama no coração de Meus filhos este líquido celeste, a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens Me recordem, lembrando-se da Minha misericórdia paternal.

Se eles sofrem e se desesperam pela posse efêmera das coisas da Terra, é porque Me esqueceram, olvidando sua origem divina.

E, desde esse dia, o Anjo dos Homens derrama na alma atormentada e aflita da Humanidade, a água bendita das lágrimas remissoras.

* * *

A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual.

Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Autoridade e Responsabilidade


Quanto pesa a responsabilidade de um cargo?

Observa-se que muitos perseguem nomeações para cargos e disputam, com ardor, lugares que lhes conferirão autoridade sobre outros.

Contudo, quando assumem postos de comando se esquecem dos objetivos reais para os quais foram ali colocados, passando a agir em seu próprio favor.

Tal posição nos recorda a história de um homem que foi nomeado mandarim, uma espécie de conselheiro na China.

Envaidecido com a nova posição, pensou em mandar confeccionar roupas novas. Seria um grande homem, agora. Importante.

Um amigo lhe recomendou que buscasse um velho sábio, um alfaiate especial que sabia dar a cada cliente o corte perfeito.

Depois de cuidadosamente anotar todas as medidas do novo mandarim, o alfaiate lhe perguntou há quanto tempo ele era mandarim. A informação era importante para que ele pudesse dar o talhe perfeito à roupa.

Ora, perguntou o cliente, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?

Paciente, o alfaiate explicou: A informação é preciosa. É que um mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que anda com o nariz erguido, a cabeça levantada. Nesse caso, preciso fazer a parte da frente maior que a de trás.

Depois de alguns anos, está ocupado com seu trabalho e os transtornos advindos de sua experiência. Torna-se sensato e olha para diante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito em seguida. Para esse costuro um manto de modo que fiquem igualadas as partes da frente e a de trás.

Mais tarde, sob o peso dos anos, o corpo está curvado pela idade e pelos trabalhos exaustivos, sem se falar na humildade que adquiriu pela vida de esforços. É o momento de eu fazer o manto com a parte de trás mais longa. Portanto, preciso saber há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente perfeitamente.

O homem saiu da loja pensando muito mais nos motivos que levaram seu amigo a lhe indicar aquele sábio alfaiate, e menos no manto que viera encomendar.

* * *

Cargos e funções são sempre responsabilidades que nos são oferecidas pela Divindade para nosso progresso. Não há motivo para vaidade, acreditando-se superior ou melhor que os outros.

Quando Pilatos assegurou a Jesus que tinha o poder de vida e morte, e que em suas mãos estava o destino de Suas horas seguintes, o Mestre alertou-o dizendo: Procurador, a autoridade de que desfrutas não é tua; foi-te concedida e poderá ser-te retirada.

De fato isso veio a acontecer.

Apenas poucos anos após a morte de Jesus, o poder de Roma retirou do Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos, toda a autoridade. Ele perdeu o cargo, o prestígio, e tudo que acreditava fosse eterno em suas mãos.

* * *

Toda autoridade deve se centralizar no amor e na vida exemplar, a fim de se fazer real.

A autoridade de que nos vejamos investidos deve ser exercida sem jamais ferir a justiça.

No desempenho dos nossos deveres, recordemos que só uma autoridade é soberana: aquela que procede de Deus, por ser a única legítima.

Autor: Momento Espírita

quarta-feira, 24 de junho de 2015

A lição Inesquecivel- Chico Xavier


Hilda, menina abastada, diariamente dirigia más palavras à pequena vendedora de doces que lhe batia humildemente à porta da casa.

– Que vergonha! De bandeja! de esquina a esquina! Vai-te daqui! – gritava, sem razão.

A modesta menina se punha pálida e trêmula.

Entrementes, a dona da casa, tentando educar a filha, vinha ao encontro da pequena humilhada e dizia, bondosa:

– Que doces tão perfeitos! Quem os fez assim tão lindos?

A mocinha, reanimada, respondia, contente:

– Foi a mamãe.

A generosa senhora comprava sempre alguma coisa e, em seguida, recomendava à filha:

– Hilda, não brinques com o destino. Nunca expulses o necessitado que nos procura. Quem sabe o que sucederá amanhã? Aqueles que socorremos serão provavelmente os nossos benfeitores.

A menina resmungava e, à noite, ao jantar, o pai secundava os conselhos maternos, acrescentando:

– Não zombes de ninguém, minha filha! o trabalho, por mais humilde, é sempre respeitável e edificante. Por certo, dolorosas necessidades impelirão uma criança a vender doces, de porta em porta.

Hilda, contudo, no dia seguinte, fustigava a vendedora, exclamando:

– Fora daqui! Bruxa! bruxa!...

A mãe devotada acolhia a pequena descalça e repetia à filha as advertências carinhosas da véspera.

Correu o tempo e, depois de quatro anos, o quadro da vida se modificara.

O paizinho de Hilda adoeceu e debalde os médicos procuraram salvá-lo. Morreu numa tarde calma, deixando o lar vazio.

A viúva recolheu-se ao leito extremamente abatida e, com as despesas enormes, em breve a pobreza e o desconforto invadiram-lhe a residência. A pobre senhora mal podia mover-se.

Privações chegaram em bando. A menina, anteriormente abastada, não podia agora comprar nem mesmo um par de sapatos.

Aflita por resolver a angustiosa situação, certa noite Hilda chorou muitíssimo, lembrando-se do papai. Dormiu, lacrimosa, e sonhou que ele vinha do Céu confortá-la. Ouviu-o dizer, perfeitamente:

– Não desanimes, minha filha! vai trabalhar! Vende doces para auxiliar a mamãe!...

Despertou, no dia imediato, com o propósito firme de seguir o conselho.

Ajudou a mãezinha enferma a fazer muitos quadrinhos de doce de leite e, logo após, saiu a vendê-los. Algumas pessoas generosas compravam-nos com evidente intuito de auxiliá-la; entretanto, outras criaturas, principalmente meninos perversos, gritavam-lhe aos ouvidos:

– Sai daqui! Bruxa de bandeja!...

Sentia-se triste e desalentada, quando bateu à porta de uma casa modesta. Graciosa jovem atendeu.

Ah! que surpresa! era a menina pobre que costumava vender cocadas noutro tempo. Estava crescidinha, bem vestida e bonita.

Hilda esperou que ela a maltratasse por vingança, mas a jovem humilde fitou nela os grandes olhos, reconheceu-a, compreendeu-lhe a nova situação e exclamou, contente:

– Que doces tão perfeitos! Quem os fez assim tão lindos?

A interpelada lembrou os ensinamentos maternos de anos passados e informou:

– Foi a mamãe.

A ex-vendedora comprou quantos quadrinhos restavam na bandeja e abraçou-a com sincera amizade.

Desse dia em diante, a menina vaidosa transformou-se para sempre. A experiência lhe dera inesquecível lição.

Cândido Xavier - Neio Lúcio

terça-feira, 23 de junho de 2015

Chico Xavier - A história de Valéria - Emocionante


Por volta de 1953 até 1959, quando mudamos para Uberaba, nós sempre, desde muitos anos, fazíamos assistência, uma assistência carinhosa de levar uma oração ou a expressão de fraternidade a doentes, a necessitados, quando uma senhora nos pediu para visitar a irmã dela, que tinha se tornado hemiplégica e muda.

A moça tinha uns 40 anos, chamava-se Valéria.

Então, fomos a primeira vez; nós fazíamos, sempre aos sábados, nossas visitas.

Íamos visitar Valéria, levávamos um pedaço de bolo, algumas balas. Isso que se dá a uma criança, porque a gente não podia fazer mais, mas visitávamos Valéria com muito carinho; eram diversas casas e ela, Valéria, estava numa delas. A irmã dela chamava-se D. Laura.

A casa se erguia num lugar onde, em Pedro Leopoldo, se construiu o recinto das exposições pecuárias; eu estou explicando, porque alguém na minha cidade poderá perguntar onde estava esta casa; estava no lugar onde está hoje o recinto das exposições pecuárias.

Então, todos os sábados, durante uns seis anos, visitávamos Valéria e levávamos uma prece, e ela guardava um pedaço de bolo debaixo do travesseiro. A irmã dela, a dona da casa, muito distinta, muito amiga, nos recebia com muito carinho.

Num sábado, eu fazia a prece; no outro sábado, outro amigo fazia a prece; no outro, uma senhora fazia a prece, e, assim, estávamos há uns seis anos, quando Valéria foi acometida por uma gripe pneumônica muito sé-ria e D. Laura chamou um médico e o médico avisou que ela estava às portas de uma pneumonia, e a pneumonia se manifestou.

A pneumonia se manifestou, e nós chegamos no sábado. Ela estava muito abatida e, todas as vezes que nós íamos, eu falava:

— Valéria, agora você fala Deus! (Ela lutava muito para falar, porque ela entendia tudo, mas não conseguia).

Eu falava assim:

— Jesus, Valéria!

Ela fazia força, mas a língua enrolava e ela não conseguia; isso se repetiu mais de seis anos, mas, neste sábado, a pneumonia...

Eu falei:

— D. Laura, ela está com febre muito alta, o que diz o médico?

— Bem, o médico, que está tratando, já deu bastantes antibióticos, e ela está bem medicada.

E eu falei assim:

— Está bem, agora, ao invés de virmos aos sábados, viremos todos os dias.

E ela sempre piorando. Então, num sábado, no último sábado, depois que fizemos a prece, eu falei:

— Valéria, fala Jesus, fala Deus!

E ela: ã, ã, ã, ã, ã, mas não falava. Eu falei:

— Valéria, Jesus andou no mundo, curou tanta gente, tantos iam buscá-lo nas estradas, na casa onde ele permanecia, e pediam a ele a graça da melhora, da cura e foram curados.

— Lembre-se de Jesus andando e você caminhando, embora você não esteja caminhando há tantos anos, lembre-se de você caminhando e chegando aos pés dele e dizendo: Jesus! Fale Jesus!

Aí ela falou:

— Josusu, Josusu!

Eu falei:

— Meu Deus, mas que alegria, Valéria falou o nome de Jesus, que coisa maravilhosa! D. Laura, venha cá para a senhora ver!

Ela com muita febre, mas ficou satisfeita falando:

— Josusu! Josusu!

E não me esqueço daquele nome vibrando nos meus ouvidos. Eu falei:

— Ela vai melhorar, ela está falando Jesus, D. Laura.

Nós todos muito alegres, ela sorrindo, mas desinteressada do bolo que tínhamos levado, a febre muito alta. 

Eu falei:

— Valéria, repete, eu estou tão interessado de ver você falar o nome de Jesus. Fale Jesus, Jesus!

— Josusu, Josusu!

Mas dando todas as forças. Aí, eu disse:

— Se Deus quiser, ela está muito melhor.

Mas, no outro dia de manhã, chegou a notícia de D. Laura de que Valéria tinha falecido pela manhã, tinha desencarnado.

Fomos para lá, e tal, e lembramos muito aquela amiga que estava partindo. Comoveu-nos muito e sofremos bastante, porque ela era muito, era muito querida, uma criatura que não falava, mas tinha gestos extraordinários.

Mas os anos rolaram, os anos passaram, e eu mudei para Uberaba e, em 1976, fui vítima de um enfarte, enfarte que me levou ao médico, que me hospitalizou em casa.

Disse-me assim:

— Não, você pode conturbar o ambiente do hospital com visitas, é melhor você ficar hospitalizado em casa, a porta do quarto ficará com acesso apenas a esta senhora, que é enfermeira.

É uma senhora, que está conosco, de nome D. Dinorá Fabiano.

Então, D. Dinorá era a única pessoa que entrava, para eu ficar 20 dias mais ou menos imóvel e eu fiquei, mas isso não impedia que os espíritos me visitassem e, então, muitos amigos desencarnados de Pedro Leopoldo, de Uberaba, entravam assim à tarde ou à noite e eu conversava em voz alta.
E eu falei:

— D. Dinorá, quando a senhora me encontrar falando sozinho, a senhora não se impressione, eu estou conversando com alguém.

Ela falou:

— Não, eu compreendo, eu compreendo.

Ficou naquilo, não é?

E uma tarde entrou uma moça muito bonita (no quarto havia sempre uma cadeira perto da cama).

Ela entrou, eu falei em voz alta:

— Pode fazer o favor de sentar.

Ela falou:

— Você não está me conhecendo?

Eu respondi:

— Olha, a senhora vai me perdoar, eu tenho andado doente com problemas circulatórios e eu estou com a memória estragada e eu não estou me lembrando.

Mas era um desculpa, era porque eu não estava reconhecendo mesmo.
Então, ela falou assim:

— Mas nós somos amigos, eu quero tão bem a você.

Era uma moça morena, muito bonita; aí eu falei:

— Olha, eu não posso assim de momento fazer muito esforço de memória, porque o médico me recomendou repouso mental. Minha senhora, faça o favor de dizer o nome.

Ela falou assim:

— Não, eu não vou dizer, eu quero ver se você lembra; eu sou uma de suas amizades de Pedro Leopoldo.

Eu falei assim:

— Então, a senhora pode falar; se a senhora falar Maria ou Alice, eu conheço tantas. Então fale o sobrenome da família, porque pela família eu vou saber.

Ela falou assim:

— Não, eu não vou falar, eu vou falar um nome só; quando eu falar, você vai lembrar quem é que eu sou.

Eu falei:

— Então, a senhora faz o favor, fale o nome, o nome que a senhora quer falar e ela foi e falou assim:

— Josusu!

Eu disse:

— Meu Deus, é a Valéria! Meu Deus, Valéria, como você está bonita! Eu não mereço a sua visita.

Ela disse:

— Mas eu vim lembrar os nossos sábados, em que nós orávamos tanto. Eu me lembrei da última palavra e eu vim te trazer confiança em Jesus.

(Chico relata o episódio muito emocionado).

Pôs a mão no meu peito e a dor desapareceu.

Então, isso para mim, eu acho que o nome de Jesus é tão grande, é tão grande, que remove os nossos obstáculos orgânicos.

Eu estou com uma angina que ficou como sendo uma herança do enfarte, mas uma angina muito bem controlada. Eu sigo as instruções médicas, as instruções dos amigos espirituais, me abstenho de tudo aquilo que não posso usufruir, de modo que eu, graças a Deus, estou, vamos dizer, estou doente, mas estou são. Se alguém puder compreender...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Enfermidades


Agradece as bênçãos da saúde que te facultam laborar com eficiência, ampliando-te os horizontes do desenvolvimento intelecto-moral.

Uma organização fisiológica saudável é bem de valor inestimável que deve ser preservado a qualquer sacrifício. Para que o logres, faz-se indispensável o balanço harmônico entre o espírito e a matéria, o que equivale dizer, entre a mente e o corpo.

És tudo quanto elaboras mentalmente e vivencias nas internas paisagens do ser profundo.

Aquilo que cultivas interiormente condensa-se nos arquipélagos celulares, produzindo os efeitos correspondentes.

No curso largo da evolução antropossociopsicológica, a desnecessidade de alguma função eliminou o órgão que a produzia, substituindo-a por outro mais eficiente e delicado, no que têm resultado as admiráveis conquistas do sentimento e da emoção. Dos instintos primevos à razão, e dessa à consciência, a vida investiu grandiosos valores que o Espírito consegue mediante esforço de depuração. A sensibilidade vegetal, a sensação animal em caminho da emoção humana, como um passo avançado no rumo da intuição e logo da sublimação espiritual.

Saúde, portanto, é bem-estar, harmonia psicofísica, equilíbrio dos sentimentos e dos anseios.

Nada obstante, periodicamente ocorrem desajustes na maquinaria, que necessitam ser corrigidos na sua fonte de origem.

Em face das admiráveis conquistas da ciência médica, farmacológica e da tecnologia de ponta, já é possível reequilibrar diversos fatores de perturbação orgânica geradores das enfermidades, corrigindo o ritmo da mitose celular. Não obstante, o sistema imunológico prossegue como o grande defensor da excelente organização em relação aos agentes externos destrutivos.

Para a sua preservação torna-se inevitável o contributo mental, de modo a ser-lhe facultados os hábeis recursos para as lutas ingentes e contínuas a que se encontra submetida.

Vibrações delicadas interferem nos campos celulares proporcionando-lhes vitalização ou desgaste, defesas ou perdas...

Em todo esse conjunto se manifestam as heranças espirituais que procedem das existências pela formação dos equipamentos de que se constituem os glóbulos brancos, assim como as hemácias e demais órgãos. No fenômeno da fagocitose, por exemplo, as energias da mente oferecem os recursos para que os defensores do organismo sejam protegidos na luta contra os agressores de fora...

Enfermidade, portanto, é resultado de comportamentos incorretos que favorecem a distonia emocional com as suas consequências perniciosas.

Ademais, o corpo na sua constante transformação é perecível, encontrando-se, portanto, em processo contínuo de transformações, e cada uma das peças que o constituem apresenta-se dentro de um prazo de ação útil, logo substituída em mecanismo de automático funcionamento.

As enfermidades fazem parte da programação natural da vida.

À exceção das expiações mais confrangedoras, os processos de envelhecimento orgânico acompanhado das carências de energia facultam a manifestação de muitas doenças que fazem parte das necessidades evolutivas do Espírito.

Na sua condição de veste transitória, a matéria é a forma que conserva as marcas inscritas no perispírito em decorrência das atitudes morais e comportamentais transatas. Em consequência, momento chega em que essas matrizes abrem o seu sacrário e liberam os impositivos depuradores dos erros, expressando-se, não raro, em enfermidades de diagnóstico difícil e complexo, em doenças degenerativas, irreversíveis, em transtornos neuróticos e psicóticos variados, sempre de acordo com as necessidades evolutivas do ser.

Ao mesmo tempo, as pesadas cargas morais negativas facultam a interferência de inimigos desencarnados que se imantam psiquicamente àqueles que anteriormente os infelicitaram, em lamentável processo de cobrança, dando lugar ao surgimento de obsessões espirituais e de doenças simulacros.

À medida que o tempo transcorre, em razão da incidência das emissões das ondas mentais destrutivas do agente infeliz sobre os delicados tecidos orgânicos da sua vítima, os mesmo podem sofrer danos que se convertem em campo propício à instalação de microorganismos deletérios, ensejando a presença de enfermidades de vária etiologia.

Muitos problemas na área da saúde, porém, são decorrência da intemperança humana, dos hábitos viciosos, da alimentação desorientada, do abuso das forças e da aplicação descontrolada das energias.

Igualmente, os costumes permissivos, o abuso da ingestão de bebidas alcoólicas, o tabagismo, a sexolatria, as drogas aditivas são de relevante importância para o surgimento de muitas doenças.

Descuidos com o corpo respondem sempre por equivalentes distúrbios que podem ser evitados mediante o zelo que se lhe deve dedicar, dever a todos imposto pelas Leis da Vida.

Ninguém abusa das divinas concessões sem incorrer em graves compromissos que passa a conduzir até o momento em que se lhe anuncia a liberação através dos sofrimentos de uma ou de outra natureza.

O processo de crescimento pessoal é inadiável e pessoal. Ninguém é convidado a responder por problemas que lhe não dizem respeito. Todos aqueles que experimentam doenças e desafios de qualquer natureza encontram-se colhendo a insensatez que semearam oportunamente.

Em realidade não existem vítimas, porque todos são responsáveis pela sua sementeira...

* * *

Os biógrafos de Jesus nunca referiram que Ele houvesse adoecido, experimentando transtornos emocionais ou psíquicos, por ser perfeito como Pai é perfeito.

A busca, portanto, da saúde é o caminho para a perfeição relativa que a todos está destinada.

Deter-se na lamentação ou na revolta, no ressentimento ou na amargura, constitui demonstração de inferioridade que o sofrimento se encarregará de modificar, ensejando renovação interior da qual surgirão os fatores para o equilíbrio e a felicidade.

domingo, 21 de junho de 2015

Jóias Devolvidas


Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?
Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. A esposa lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
Ela, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: Deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou: O que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas joias de valor incalculável, para que as guardasse. São joias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!
O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
Ora, mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?
É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!
Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!
E o rabi respondeu com firmeza: Ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Iremos juntos devolvê-las, hoje mesmo.
Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos.
Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.
O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.
* * *
Os filhos são quais joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que os ajudemos a burilar-se.
Não percamos a oportunidade de auxiliá-los no cultivo das mais nobres virtudes. Assim, quando tivermos que devolvê-los a Deus, que possam estar ainda mais belos e mais valiosos.

Redação do Momento Espírita

sábado, 20 de junho de 2015

Estejamos em Paz - Chico Xavier


“Paz seja convosco”. – Jesus.
(JOÃO, 20:19.)
Rujam tempestades em torno de teu caminho, tranqüiliza o coração e segue em paz na
direção do bem.
Não carregues no pensamento o peso morto da aflição inútil.
Refugia-te na cidadela interior do dever retamente cumprido,
e entrega à Sabedoria Divina a ansiedade que te procura, 
à feição de labareda invisível.
Se alguém te recusa, aquieta-te e ora em favor dos irmãos desorientados e infelizes.
Se alguma circunstância te contraria, asserena tua alma e espera que os acontecimentos
te favoreçam.
Lembra-te de que és chamado a viver um só dia de cada vez, sempre que o Rol se
levante.
E por mais amplas se te façam as possibilidades, tornarás uma só refeição e vestirás um
só traje de cada vez nas tarefas de cada dia.
Embora te atormentes pela claridade diurna,a alvorada não brilhará antes da hora
prevista, e embora te interesses pelo fruto de determinada árvore, não chegarás a colhê-
la, antes do justo momento.
A pretexto, porém, de garantir a própria serenidade, não te demores na inércia.
Mentaliza o bem e prossegue na construção do melhor, como quem sabe que a colheita
farta pede terra abençoada pela charrua.
Sejam quais forem as tuas dificuldades, lembra-te de que a paz é a segurança da vida.
Não nos esqueçamos de que, na hora da Manjedoura, as vozes celestiais, após o louvor
aos Céus, expressaram votos de paz à Terra e, depois da ressurreição, voltando,
gloriosamente, ao convívio das criaturas, antes de qualquer plano de trabalho disse Jesus
aos discípulos espantados:
– “A paz seja convosco”.