quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sugestões No Caminho

Lamentar-se por quê?... Aprender sempre, sim.
Cada criatura colherá da vida não só pelo que faz, mas também conforme
esteja fazendo aquilo que faz.
Não se engane com falsas apreciações acerca de justiça, porque o tempo é o
juiz de todos.
Recorde: tudo recebemos de Deus que nos transforma ou retira isso ou aquilo,
segundo as nossas necessidades.
A humildade é um anjo mudo.
Tanto menos você necessite, mais terá.
Amanhã será, sem dúvida, um belo dia, mas para trabalhar e servir, renovar e
aprender, hoje é melhor.
Não se iluda com a suposta felicidade daqueles que abandonam os próprios
deveres, de vez que transitoriamente buscam fugir de si próprios, como quem
se embriaga para debalde esquecer.
O tempo é ouro, mas o serviço é luz.
Só existe um mal a temer: aquele que ainda exista em nós.
Não parar na edificação do bem, nem para colher os louros do espetáculo, nem
para contar as pedras do caminho.
A tarefa parece fracassar? Siga adiante, trabalhando, que, muita vez é
necessário sofrer, a fim de que Deus nos atenda à renovação.

(Obra: Sinal Verde - Chico Xavier/André Luiz)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

SERVICINHOS

"Antes sede uns para com os outros benignos." - Paulo. (EFÉSIOS, 4:32.)

Grande massa de aprendizes queixa-se, por vezes, da ausência de grandes oportunidades nos serviços do mundo.

Aqui, é alguém desgostoso por não haver obtido um cargo de alta relevância; além, é um irmão inquieto porque ainda não conseguiu situar o nome na grande imprensa.
A maioria anda esquecida do valor dos pequenos trabalhos que se traduzem, habitualmente, num gesto de boas maneiras, num sorriso fraterno e consolador... Um copo de água pura, o silêncio ante o mal que não comporta esclarecimentos imediatos, um livro santificante que se dá com amor, uma sentença carinhosa, o transporte de um fardo pequenino, a sugestão do bem, a tolerância em face de uma conversação fastidiosa, os favores gratuitos de alguns vinténs, a dádiva espontânea ainda que humilde, a gentileza natural, constituem serviços de grande valor que raras pessoas tomam à justa consideração.
Que importa a cegueira de quem recebe? que poderá significar a malevolência das criaturas ingratas, diante do impulso afetivo dos bons corações? Quantas vezes, em outro tempo, fomos igualmente cegos e perversos para com o Cristo, que nos tem dispensado todos os obséquios, grandes e pequenos?
Não te mortifiques pela obtenção do ensejo de aparecer nos cartazes enormes do mundo. Isso pode traduzir muita dificuldade e perturbação para teu espírito, agora ou depois.
Sê benevolente para com aqueles que te rodeiam. Não menosprezes os servicinhos úteis.
Neles repousa o bem-estar do caminho diário para quantos se congregam na experiência humana.
  
(Obra: Vinhas de Luz - Chico Xavier/Emmanuel)

terça-feira, 29 de maio de 2012

BRILHE TUA LUZ

A movimentação contínua da massa humana causa-te preocupação, se consideras a problemática espiritual, que a todos diz respeito.
Grande parte se te apresenta carrancuda, sob o extenuar das dores para as quais não se preparou, convenientemente, derrapando em violências contra os outros e contra si mesma.
Outra expressiva quantidade de criaturas transita distraída, sem dar-se conta das responsabilidades que lhe dizem respeito.
A desinformação em torno dos valores do Espírito — aqueles que são de duração imperecível —, é alarmante, somando aos conceitos errôneos que muitos esposam, em chocante desconsideração quanto às realidades da Vida.
Tendo em vista tais situações, reflete em torno dos movimentos religiosos que conduzem as massas, esvaziadas de sentimento legítimo de fé, sem claridades interiores, ficando aturdido.
Sem dúvida, toda emulação edificante, intentando incorporar Jesus ao dia-a-dia dos homens, é de alta significação. No entanto, a claridade da fé deve estar sustentada pelo combustível dos feitos, sob pena de apagar-se de um para outro momento.
Para lograr-se tal desiderato é imprescindível que haja um suporte da razão que se apóia nos fatos, de que se não pode evadir a mente, quando ocorrências desagradáveis ameaçam o equilíbrio.
Desacostumados ao raciocínio em matéria de fé, os homens submetem-se aos códigos do amor agora, para abandoná-los mais tarde, crendo, por conveniências passageiras, antes por acomodação de interesses, do que pela necessidade de crescimento e renovação.
*
São respeitáveis as movimentações exteriores do clima religioso da Terra. Todavia, é de vital importância a transformação moral do homem ante a presença da fé, na mente e no coração.
Quem diz crer e não produz para o bem do seu próximo, é insensato.
Se se utiliza da vida e não reparte bênçãos, torna-se dilapidador da oportunidade.
Se se enclausura na vaidade da salvação individual, faz-se parasita inconsequente.
Se impõe a sua forma de ser, estribado em presunçosas convicções, transforma-se em prepotente.
Somente quando nele brilha a luz do Cristo, exteriorizando em atos o odor da caridade e do amor, é que se encontra em condições de provar que o caminho da felicidade leva ao próximo, numa viagem para fora, após haver-se penetrado pela busca interior, mediante a introspecção e a prece que ora o sustentam nos cometimentos libertadores.
*
Não te detenhas, ante os impedimentos massivos, na tarefa de auxílio espiritual.
Junta a tua a outras candeias que estejam ardendo na noite das aflições, derramando parca luminosidade.
Vai ao teu próximo e clarifica-o com a mensagem do Cristo, chamando à ação e à responsabilidade.
Não obstante o Evangelho houvesse sido pregado para a aturdida multidão, o Mestre não se poupou esforços no ministério de atender e iluminar uma a uma as criaturas que Dele se acercavam.
Tem confiança irrestrita na Sua governança e faze a tua parte sem precipitação nem pessimismo, não temendo a mole humana, nem tombando na marginalização por indiferença ou timidez.
Espiritualiza-te, e deixa que a tua luz brilhe confortadora, apontando os rumos da paz para os que seguem contigo.

(De “Alerta”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

PENSAMENTOS

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 8.)
 
Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental que os produziu, nos movimentos incessantes da vida.
O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista.
Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do coração.
É por isso que muitos servidores modificam expressões verbais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetição das circunstâncias, as experiências redentoras, encontram, de novo, análogas perturbações, porque os obstáculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos.
Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção.
O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conteúdo. Os discípulos que puderem compreender-lhe a essência profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amável de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, terão encontrado a divina equação.
 
  Pão Nosso - Francisco C. Xavier /Emmanuel

sexta-feira, 25 de maio de 2012

UMA DÍVIDA PAGA PELO ALTO...

José, o irmão de Chico, que fora por muito tempo seu orientador e dirigia as sessões do "Luiz Gonzaga", adoece gravemente, e, sob a surpresa de seus caros entes familiares, desencarna, deixando ao irmão o encargo de lhe amparar a família.
Dias depois, o Chico verifica que o José lhe deixara também uma dívida, pois esquecera de pagar a conta da luz, na importância de onze cruzeiros.
Isto era muito para o pobre Médium, pois no fim de cada mês nada lhe sobrava do ordenado.
Pensativo, sentou-se à soleira da porta de sua casinha rústica e abençoada.
Emmanuel lhe diz:
Não se apoquente, confie e espere...
Horas depois, alguém lhe bate à porta.
Vai ver. Era um senhor da roça.
— O senhor é o seu Chico Xavier?
— Sim. Às suas ordens, meu irmão.
— Soube que seu irmão José morreu. E vim aqui pagar-lhe uma bainha de faca que ele me fez há tempos. E aqui está a importância combinada.
Chico agradeceu-lhe.
E ficando só, abriu o envelope. Dentro estavam onze cruzeiros ... para pagar a luz.
Sorriu, descansado, livre de um peso.
E concluiu para nós: - "Que bela lição ganhei".
E nós: - Também para os que sabem olhar para os lírios dos campos, que não temem o amanhã, porque sabem que ele pertence a Deus.

(De “Lindos casos de Chico Xavier”, de Ramiro Gama)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O QUE CONVÉM FAZER

"Se alguém dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes, por motivo de consciência". - I Coríntios - Cap. 10, v. 27.
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convém que sejam feitas. O mundo não poderia ser feito somente com as coisas de que gostas, porque nele vivem bilhões de espíritos reencarnados, com direitos, opiniões e gostos diferentes.
Se uma religião proíbe a carne como alimento, e te convém abster-te de comê-la, faze-o, sem contudo, julgar a quem come, porquanto, em regiões trevosas há muitos vegetarianos e no campo da luz, como servidores fiéis do Cristo, há muitos e muitos que, quando no corpo físico, comiam carne nos seus repastos. Se a vida situou alguém na embriaguez permanente, não desdenhes dele, nem o maltrates, porque muitos dos embriagados, conhecidos como delirantes de vício, modificaram-se com maior rapidez do que muitos que nunca, naquela existência, levaram um copo com álcool aos lábios; mas há também o contrário. Ao conheceres um assassino, não o julgues como pária da sociedade, sem salvação aos olhos de Deus; muitos deles tornar-se-ão espíritos de luz, com pouco tempo; a força da regeneração transmita a ganga da alma em joias preciosas de valores ilimitados, e alguns dos que se consideram portadores das leis ainda viajam nos campos das sombras, sem saberem quando o de que maneira poderão livrar-se delas, mas encontra-se, também, o caso inverso.
Se possuis vultosa fortuna, e com ela movimentas meio mundo, não julgues os que nada têm, acreditando que os pobres o são de tudo, até da graça de Deus; existem muitos que foram pobres na terra, mas a resignação, a humildade, o esforço no bem, mesmo em situação penosa, fizeram-nos chegar à plenitude espiritual; e muitos ricos, que esbanjaram fortunas e mais fortunas no mundo, pensando que continuariam com as mesmas riquezas depois da morte, enganaram-se, sofrendo e chorando no vale das sombras, querendo retornar, sem poder, ao corpo físico, mesmo que seja na miséria, e até mendigando de porta em porta; mas há casos, igualmente, do reverso da medalha. Se observares mulheres que se degradaram mais do que os animais, também não as julgues; ora por elas, porque há casos em que, de uma hora para outra, às vezes às portas da morte física, elas se transformam no coração e, com pouco tempo, estão nas lides do Cristo, não raro ajudando aos próprios julgadores.
Os que se julgaram muito puros vão encontrar dificuldades no mundo espiritual, de ajudarem, qual elas auxiliam, com desembaraço; como há, também, o contrário.
Se a tua consciência julga que não deves fazer determinada coisa, não a faças, mas não queiras distribuir essa regra para as consciências alheias, por não estarem todas as pessoas no mesmo nível espiritual que o teu. Todas as coisas são lícitas, mas nem tudo pode ser feito por todos; cada um faça o que lhe convém fazer, eis a melhor maneira de se viver em paz com a consciência. Muitos dos que vivem distribuindo conselhos a mancheias, vivem em muitos casos, carecendo deles. Não procures ninguém para orientar; caso venham ao teu encontro, faze o que puderes, e cuida de ver o limite de ajudar. A maior ajuda é a que cada um dá a si mesmo. Tolo é aquele que se transforma em espelho, para ver os defeitos dos semelhantes, fazendo-se de magistrado; cuidado, porque alguém pode estar focalizando-o, com o mesmo
interesse.
Jesus já asseverava, há muito tempo, que "não é o que entra pela boca que macula a alma, e sim o que sai do coração". Isso não quer dizer que podes tomar estanho derretido e veneno em altas doses; tudo, como diz o Evangelho, é como convém fazer, nas doses certas; tudo é útil, tanto para o corpo, quanto para as almas; o exagero é que perturba os espíritos, onde estiverem.
As regras evangélicas, somente os espíritos superiores as compreendem e vivem; da sua escala para baixo, tanto a compreensão quanto a vivência são relativas à posição espiritual em que cada um se encontra. Nem Deus, nem Jesus Cristo vai amaldiçoar a quem ainda não conseguiu viver todas as virtudes da Boa Nova; e a tolerância e o amor pregados pelos céus? Isso é o que não falta, porque há milhares de anos os mentores espirituais vêm tendo e continuam a ter para com todos nós; somente o completista vive e prega em verdade o Evangelho.
Porventura podemos exigir de uma criança a mesma coisa que um adulta já aprendeu, em toda sua existência? Seria isso justiça? O que convém fazer é aquilo que podemos realizar. O que nos convém fazer é o que a consciência ditar ou aprovar. O que nos convém fazer é cumprir com os deveres, onde eles nos chamarem. Mas sempre no reto pensar, na reta consciência e no reto proceder. E nunca, mas nunca, esquecer de nos esforçarmos para atingir as culminâncias de todas as virtudes evangélicas, pois é com e através dos próprios esforços, que pisaremos de degrau e galgamos os cimos da superioridade. Mas antes disso acontecer, se alguém te convidar para alguma coisa, sê metódico e prudente, sabendo que tudo é lícito, mas nem tudo convém que seja feito.
"Se alguém dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes, por motivo de consciência".

(De “Alguns ângulos dos ensinos do Mestre”, de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

COMPANHEIROS VACILANTES

Nas ocasiões de crise espiritual, será talvez a fé aquela qualidade mais intensamente examinada no âmago das criaturas.
*
Se conservas contigo os valores da confiança, habilita-te a servir e a suportar.
*
Quando a guerra se manifesta no plano físico, embora a característica sempre lamentável que assume, os resquícios de animalidade ainda arquivados em nós outros — os espíritos em evolução na Terra — desbordam da personalidade, estendendo as ruínas que nos atestam a inferioridade.
No entanto, nos embates íntimos, quando as nossas concepções e pontos de vista se entrechocam, adentro da própria alma, tremem as forças em que se nos estrutura o teto mental e nem todos contam com a energia suficiente para se garantirem na própria segurança.
Estabelecido o desequilíbrio das ideias e emoções que nos registram o modo de ser, surgem aos montes aqueles que se marginalizam em desalento e ceticismo, ante as lutas de que se sentem objeto no círculo de negações que se lhes afiguram irreversíveis, associando-se-nos aos desajustes, como que no propósito de ampliá-los.
*
Esse padeceu desilusões com afetos que lhe eram extremamente queridos e caiu em desconfiança pela impossibilidade de sustentar a própria fé, acima das contingências e fragilidades humanas; aquele entrou em tribulações no lar e bandeou-se para a descrença, admitindo-se sem necessidade de lágrimas em favor do próprio burilamento; outro varou empeços que lhe pareceram humilhações, estirando-se espiritualmente em desespero e revolta, por desconhecer-lhes a função educativa; e outros muitos, mergulhados na saudade dos entes queridos que os precederam na Grande Mudança, se fixam em pessimismo e negação ante as sugestões da morte, sem recursos para encontrarem na morte o renascimento da vida.
*
Onde encontres os nossos irmãos caídos em descrença e desânimo, compadece-te deles.
São companheiros que adoeceram de angústia, sob o impacto da renovação apressada imposta pela própria vida nos tempos de crise espiritual.
Ao invés de acusá-los, estende-lhes braços amigos a fim de que se refaçam.
E mesmo que te recusem o apoio fraterno, alucinados ou desfalecentes de dor, que muitos deles se encontram, abençoa-os com a prece de simpatia e continua para diante, nas tarefas nobilitantes que a existência te deu.
Eles todos são enfermos queridos que se magoaram na batalha da evolução e se localizam nas retaguardas do serviço, para as quais as ambulâncias do socorro de Deus, se ainda não chegaram, estão inevitavelmente a caminho.

Emmanuel - (De “Seguindo juntos”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos)

terça-feira, 22 de maio de 2012

O mensageiro do amor

Falava-se na reunião, com respeito à preponderância dos sábios na Terra, quando Jesus tomou a palavra e contou, sereno e simples:
— Há muitos anos, quando o mundo perigava em calamitosa crise de ignorância e perversidade, o Poderoso pai enviou-lhe um mensageiro da ciência, com a missão de entregar-lhe gloriosa mensagem de vida eterna. Tomando forma, nos círculos da carne, o esclarecido obreiro fez-se professor e, sumamente interessado em letras, apaixonou-se exclusivamente pelas obras da inteligência, afastando-se, enojado, da multidão inconsciente e declarando que vivia numa vanguarda luminosa, inacessível à compreensão das pessoas comuns. Observando-o incapaz de atender aos compromissos assumidos, o Senhor Compassivo providenciou a viagem de outro portador da ciência que, decorrido algum tempo, se transformou em médico admirado.
O novo arauto da Providência refugiou-se numa sala de ervas e beberagens, interessando-se tão somente pelo contacto com enfermos importantes, habilitados à concessão de grandes recompensas, afirmando que a plebe era demasiado mesquinha para cativar-lhe a atenção. O Todo-Bondoso determinou, então, a vinda de outro emissário da ciência, que se converteu em guerreiro célebre. Usou a espada do cálculo com mestria, pôs-se à ilharga de homens astuciosos e vingativos e, afastando-se dos humildes e dos pobres, afirmava que a única finalidade do povo era a de salientar a glória dos dominadores sanguinolentos. Contristado com tanto insucesso, o Senhor Supremo expediu outro missionário da ciência, que, em breve, se fez primoroso artista. Isolou-se nos salões ricos e fartos, compondo música que embriagasse de prazer o coração dos homens provisoriamente felizes e afiançou que o populacho não lhe seduzia a sensibilidade que ele mesmo acreditava excessivamente avançada para o seu tempo.
Foi, então, que o Excelso Pai, preocupado com tantas negações, ordenou a vinda de um mensageiro de amor aos homens.
Esse outro enviado enxergou todos os quadros da Terra, com imensa piedade. Compadeceu-se do professor, do médico, do guerreiro e do artista, tanto quanto se comoveu ante a desventura e a selvageria da multidão e, decidido a trabalhar em nome de Deus, transformou-se no servo diligente de todos. Passou a agir em benefício geral e, identificado com o povo a que viera servir, sabia desculpar infinitamente e repetir mil vezes o mesmo esforço ou a mesma lição. Se era humilhado ou perseguido, buscava compreender na ofensa um desafio benéfico à sua capacidade de desdobrar-se na ação regeneradora, para testemunhar reconhecimento à confiança do Pai que o enviara. Por amar sem reservas os seus irmãos de luta, em muitas situações foi compelido a orar e pedir o socorro do Céu, perante as garras da calúnia e do sarcasmo; entretanto, entendia, nas mais baixas manifestações da natureza humana, dobrados motivos para consagrar-se, com mais calor, à melhoria dos companheiros animalizados, que ainda desconheciam a grandeza e a sublimidade do Pai Benevolente que lhes dera o ser.
Foi assim, fazendo-se o último de todos, que conseguiu acender a luz da fé renovadora e da bondade pura no coração das criaturas terrestres, elevando-as a mais alto nível, com plena vitória na divina missão de que fora investido.
Houve ligeira pausa na palavra doce do Messias e, ante a quietude que se fizera espontânea no ruidoso ambiente de minutos antes, concluiu ele, com expressivo acento na voz:
— Cultura e santificação representam forças inseparáveis da glória espiritual. A sabedoria e o amor são as duas asas dos anjos que alcançaram o Trono Divino, mas, em toda parte, quem ama segue à frente daquele que simplesmente sabe.

Jesus no Lar - Pelo Espírito de Neio Lúcio / Franciso C Xavier

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Escuta, alma querida e boa, perante as aflições que te espanquem a vida, na prova que atordoa,
Há sofrimento, lágrima e tumulto, embora tolerando o impacto das trevas, busca enxergar o mecanismo oculto das tarefas de amor e redenção que levas!...
Deus clareia a razão aqui, ali, além, para que o nosso próprio coração revele por si mesmo a lei do bem...
Tens para dar, conheces para ver e para dar e ver já podes discernir...
Eis a missão que trazes por dever:
Trabalhar, compreender, elevar, construir!...
Tudo o que existe e vibra entre as forças do mundo, tem no próprio destino o dom profundo de ajudar e servir!...
O Sol gasta-se em luz a entregar-se de todo e tanto ampara aos Céus quanto às furnas de lodo...
O jardim despojado a refazer-se espera para dar-se de novo em nova primavera...
Toda árvore esquece o que sofre do homem e apóia sem cessar aqueles que a consomem!...
Olha o minério arrebatado ao solo, sem possibilidades de regresso.
Padece fogo ardente a fim de assegurar constantemente o esplendor do progresso.
Já consegues pensar que qualquer flor que apanhas, a mais singela e a mais descolorida, é um sonho que arrancaste à Natureza para adornar-te a vida?
Que modelas a enxada e golpeias o chão, para que o chão te guarde a sementeira e te forneça o pão?
Assim também por onde vás, ante assaltos, tragédias, ironias, tribulação ou desengano, quando as estradas do cotidiano surjam mais espinhosas ou sombrias, nada reclames, serve.
E nem reproves, ama!
Em toda parte a vida te reclama tolerância, alegria, esperança e bondade, inda que a dor te fira ou arrase os sonhos teus, porque o Céu te entregou a liberdade de servir e elevar a Humanidade por trabalho de Deus.

Maria Dolores - (De “Encontro de Paz”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

VINDE E SERVI

Vinde e plantai na Vinha, em que o bem se revela
Pelas mãos de Jesus no eterno amor divino!
Vinde e renovareis a rota do destino
Para a glória do Além, onde a paz se acastela.

Uma codea de pão, uma frase singela,
Uma flor de perdão num gesto pequenino,
Um sorriso fraterno à dor do peregrino,
Tudo é semente em luz renovadora e bela.

Vinde e servi cantando, enquanto fulge o dia,
Semeando na Terra empedrada e sombria
A fé viva e imortal que a ilumine e conforte...

Preparai, desde agora, o pão que vos aguarde
E não mais chorareis com quem soluça tarde,
No celeiro vazio e escuro, além da morte!...

Amaral Ornellas

Psicografia em reunião pública. Data: 2-7-1950. Local: Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas Gerais. - (De “Através do tempo”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

TEU LUGAR

        Surgem lances obscuros na existência, nos quais aflições dispensáveis nos visitam o espírito, no pressuposto de que nos achamos fora do plano que nos é próprio.
        Quiséramos impensadamente exercer a função de outrem e, ao mesmo tempo, solicitar que outrem se encarregue da nossa.
        Isso, porém, seria tumultuar a Ordem Divina.
        Não ignoramos que os Emissários do Senhor nos conhecem de sobra aptidões e recursos. Assim como ocorre aos engenheiros responsáveis por edificação determinada, que não instalariam o cimento em lugar do vidro, os Organizadores da Vida não nos designariam posição estranha às nossas possibilidades de rendimento maior na construção do Reino de Deus.
        Dentro do assunto, não nos será lícito esquecer que a promoção é ocorrência natural e eleva-nos de nível, mas promoção realmente aparece tão-só quando nos melhoramos conquistando degraus acima.
        A rigor, porém, urge reconhecer que nos achamos agora precisamente no ponto e no posto em que nos é possível produzir mais e melhor. A certeza disso nos fortalece a noção de responsabilidade, porquanto, cientes de que a Eterna Sabedoria nos permitiu desempenhar os encargos pelos quais respondemos perante os outros, podemos centralizar atenção e força, onde estivermos, para doar o máximo de nós mesmos, na máquina social de que somos peças.
        Quando te ocorrer o pensamento de que deverias ocupar outro ângulo no campo da atividade terrestre, asserena o coração e continua fiel aos deveres que as circunstâncias te preceituem, reconhecendo que, em cada dia, estamos na posição em que a Bondade de Deus conta conosco para o bem geral. Desse modo, para que as tuas horas se enriqueçam de paz eficiência, no setor de ação que te cabe na Obra do Senhor, se trazes a consciência tranquila no desempenho das próprias obrigações, é forçoso de capacites de que és hoje o que és e te vês como te vês, no quadro em que te movimentas e na apresentação com que te singularizas, porque é justamente como és, com quem estás no lugar no lugar em que te situas e claramente como te encontras, que o Senhor necessita de ti.

(De “Alma e Coração”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de Emmanuel)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

BASTA POUCO

“Disse-lhe Judas: Senhor, donde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?” — JOÃO, capítulo 14, versículo 22.)

Um dos fatos mais surpreendentes do Cristianismo é a posição escolhida pelo Salvador, a fim de anunciar as verdades eternas.
Não aparece Jesus em decretos sensacionais, em troféus revolucionários ou em situações de domínio.
Chega em paz à manjedoura simples, exemplifica o trabalho, conversa com alguns homens obscuros de uma aldeola singela e, só com isso, prepara a transformação da Humanidade inteira.
Para o mundo inferior, todavia, a pergunta de Tadeu ainda é de plena atualidade.
As criaturas vulgares só entendem os que se impõem aos demais, ainda que, para isso, sejam compelidas a ouvir sentenças tirânicas, proferidas em tribunas sanguinolentas; apenas compreendem espetáculos que ferem a visão e gestos teatrais dos que dominam por um dia para sofrerem amanhã o mesmo processo transformador imposto ao mundo transitório ao qual se dirigem.
Jesus, todavia, falou à alma imortal. Por esse motivo, suas revelações nunca morrem. Além disso provou não ser necessária a evidência social ou econômica para o serviço de utilidade a Deus, demonstrando, ainda, não ser para isso indispensável a cidade com as arregimentações e recursos faustosos. Bastarão os princípios edificantes e simples, uma aldeota sem nome e alguns poucos amigos.
O portador da boa-vontade sabe que foi esse o material com que o Cristo iniciou a remodelação da vida terrestre.

(Obra: Caminho, Verdade e Vida - Chico Xavier/Emmanuel)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Este Dia

   Este dia é o seu melhor tempo, o instante de agora.
   Se você guarda inclinação para a tristeza, este é o ensejo de meditar na alegria da vida e de aceitar-lhe a mensagem de renovação de permanente Amor Divino.
   Se a doença permanece em sua companhia, surgiu a ocasião de tratar-se com segurança.
   Se você errou, está no passo de acesso ao reajuste.
   Se esse ou aquele plano de trabalho está incubado no seu pensamento, agora é o momento de começar a realizá-lo.
   Se deseja fazer alguma boa ação, apareceu o instante para promovê-la.
   Se alguém aguarda as suas desculpas por faltas cometidas, terá soado a hora em que você pode esquecer qualquer ocorrência infeliz e sorrir novamente.
   Se alguma visita ou manifestação afetiva esperam por você, chegou o tempo de atendê-las.
   Se precisa estudar determinada lição, encontrou você a oportunidade de fazer isso.
   Este dia é um presente de DEUS, em nosso auxílio; de nós depende aquilo que venhamos a fazer com ele.

Respostas da Vida - André Luiz - Psicografia Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 14 de maio de 2012

TRABALHO E PACIÊNCIA

        Em todas as situações da vida: trabalho e paciência.
        O trabalho santificando nossos atos e a paciência revelando nossos sentimentos.
        Diante da enfermidade pertinaz: trabalho e persistência.
        O trabalho granjeia méritos redentores e a paciência coloca o sinete da autenticidade em nossas resoluções.
        Face à ingratidão de amigos devotados que nos não compreendem as aspirações santificantes do serviço: trabalho e paciência.
        O trabalho conceder-nos-á o atestado inequívoco dos propósitos superiores e a paciência falar-nos-á mais alto sobre as nossas legítimas aspirações.
        Considerando os propósitos malévolos que a invigilância esparze ante os nossos pés: trabalho e paciência.
        O trabalho modifica a face negativa das coisas e a paciência, semelhante à lixívia do tempo, aprimora contornos e arranca da estátua o ideal de vida.
        Sob a chuva da amargura ou o fel da incompreensão, com os melhores propósitos visitados pela intemperança de uns ou pela malquerença gratuita de outros: trabalho e paciência.
        O trabalho modifica a conceituação que fazem de nós quando perseveramos honestamente e a paciência ensina a ver com claridade e a perdoar com rapidez.
        Porque nossos ideais encontrem barreiras aparentemente intransponíveis: trabalho e paciência.
        O trabalho nos impõe o jugo do dever e a paciência nos ensina a confiar no amanhã.
        Se as sementes da nossa boa vontade ainda não medram: trabalho e paciência.
        O trabalho é mensagem de Deus e a paciência é virtude dos anjos.
        Trabalhemos em nosso ideal imortalista, indestrutível, confiando na eternidade do tempo e no espaço da misericórdia de Deus. Sejamos pacientes para que a tentação da fuga não nos arranque do dever antes do tempo, nem as pedras da dificuldade se ergam em muralha impeditiva ao nosso avanço na linha direcional da nossa redenção.
        Cada um de nós está no lugar de trabalho onde pode ser mais feliz e não devemos ter a presunção de esperar encontrar-nos onde mais nos agrade.
        Se o campo é áspero, trabalhemos a terra, e se ela não nos responde ao carinho de agricultor, tenhamos paciência até que o adubo da nossa perseverança e o suor do nosso sacrifício fecundem esse solo, onde a semente do amor do nosso Pai, transforme toda a gleba numa seara inteira...
        Lembrando-nos Dele, o Divino Pomicultor, que até hoje trabalha pacientemente pela transformação da Terra e do homem, trabalhemos, com paciência, o nosso pretérito no nosso presente, a benefício do nosso futuro.

Cairbar Schutel - (De: “Sol de Esperança”, de Divaldo P. Franco – Diversos Espíritos)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

JESUS ESTÁ NAS RUAS...

        Revivendo a pureza primitiva da Boa Nova, o Espiritismo traz Jesus de volta às praças e ruas movimentadas do mundo, a fim de conviver com os padecimentos ultrizes que vergastam as multidões atônitas da atualidade.
        Sem quaisquer atavios, Sua presença comove e conquista os que anelam por paz e aguardam a mensagem da esperança.
        Após as sucessivas desilusões pelas variadas províncias da fé e da intelectualidade, o homem jaz vencido pela prepotência dos artefatos bélicos, filhos inditosos do avanço tecnológico que, não obstante a contribuição valiosa que vem oferecendo ao progresso da civilização, não conseguiu lograr a meta de produzir a felicidade humana.
        Nos báratros dos aturdimentos e do cepticismo vigentes, uma fé racional, sem qualquer dogma e alicerçada na força dos fatos experimentalmente comprovados, irrompe, conquistando mentes, corações e coletividades, enquanto coloca nas vielas da alma e nas avenidas do mundo o Pulcro Amigo em atitude de serviço ativo, edificante, consolador.
        Jesus volveu, sim, às ruas do mundo, sem abandonar os lares onde se agasalham as aflições...
        Sua voz penetrante dispensa os condicionamentos externos da indução psicológica inconsciente do passado, transformando-se em mecânica de auxílio urgente àqueles para quem viera anteriormente.
        Repetindo as realizações das horas messiânicas, recebe e alberga no Seu sentimento afável e enérgico todos os que transitam sem rumo e os que já resvalaram pelas rampas da irresponsabilidade e do erro...
        Ele espera que a acústica das almas, embora viciada pelos ruídos desconexos do momento, registre-Lhe a mensagem, deixando-a penetrar no imo dos teus sentimentos.
        Não mais, exclusivamente, se encontra nos templos de fé, antes se apresenta em toda parte onde se faz necessitado, em que é esperado.
*
        Se já travaste conhecimento com Jesus, mediante a Revelação Espírita, não te detenhas na inanição, nos receios injustificados, no rol das queixas, na urdidura de planos intermináveis. Leva-O às ruas da Terra, aos homens, nossos irmãos.
        Retribui em sacrifício e abnegação, em alegria no trabalho e profícua ação, a honra de O conheceres.
        Não postergues o ministério a pretexto algum, nem te escuses à tarefa sob justificativas desculpistas.
        Urge que O apresentes aos outros e te apresses na construção do mundo melhor que já podes pressentir.
        Se, todavia, ainda não te resolveste encontra-Lo, aquieta-te, produzindo silêncio anterior, onde quer que estejas, e O ouvirás, defrontando-O próximo de ti e ansioso por estabelecer contato contigo.
        Renovando-te, modificarás a psicosfera ambiental e auxiliarás o próximo que se localize mais próximo de ti.
        Jesus está nas ruas, procurando auxiliar a criatura humana...
        Já pensaste em que posição te encontras em relação a Ele?
        Seja qual for, porém, a tua situação, não olvides que este é o teu momento de estar com Ele e não tens o direito de malbaratar o ensejo ou perder a oportunidade, porquanto, nas ruas da Terra atual, Ele seguirá adiante, contigo ou sem ti, mesmo que seja a sós...

Francisco Spinelli - (De “Sementes de Vida Eterna”, de Divaldo Pereira Franco – Diversos Espíritos)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

TOLERÂNCIA

"Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas" - Mateus, cap.5 - v.41

Sem dúvida, o exercício da tolerância é indispensável à conquista da serenidade.
Mas tolerar não significa afligir-se e torturar-se interiormente, como quem impõe a si mesmo determinada violência.
A tolerância nasce da conscientização de quem nem sempre se podem alterar, de imediato, situações que apenas o tempo possui elementos para transformar.
As pessoas serão como são, até quando optarem pela própria mudança.

Há quanto tempo Deus nos espera, admitindo, inclusive, que descreiamos de sua Divina Paternidade ?
Existem muitos espíritos de entendimento tardio com os quais precisamos aprender a conviver, sem alimentarmos grandes expectativas em torno de sua capacidade de corresponder-nos aos anseios.
Em oferecendo-nos pouco, muitos daqueles que conosco convivem estão praticamente oferecendo-nos tudo o que possuem.

Como exigir da árvore que sequer floresceu a produção de frutos ? Ou de um pássaro implume arrojados vôos na amplidão.
Quem sofre com as decepções que os outros lhe causam, sofre voluntariamente, porque sabe que, na Terra, ninguém está lidando com santos, mas com seres humanos tão frágeis e limitados quanto a ele mesmo.
Jesus, de fato, recomendou-nos caminhar a segunda milha como os que mais solicitam de nossas possibilidades de renúncia e tolerância, que, habitualmente, são aqueles que convivem conosco na experiência comum, mas não nos disse que deveríamos carregá-los sobre os ombros.

(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli / Inácio Ferreira)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

SÚPLICA

      Espírita, meu irmão,
      Hoje procuro refúgio no teu coração, cansado como me encontro de mil embates, na longa jornada dos séculos.
      Dizem que sou débil plantinha, no entanto, relegam-me ao vendaval, deixando-me à mercê da canícula ou na via das enxurradas imundas.
      Afirmam que sou o futuro, todavia, desrespeitam o meu presente, colocando dificuldades e aflições ao alcance das minhas débeis mãos.
      Expressam que eu sou diamante precioso, mas ninguém procura retirar a jaça e a ganga que me tornam imprestável, por enquanto.
      Informam que eu sou um pequeno rei, no império da vida, todavia, descuidam do meu aprimoramento, sem me aformosearem o caráter para o nobre ministério.
      Chamam-me anjo e conduzem-me, por negligência, ao inferno do desespero e da revolta.
      Agradam-me e, muitas vezes, degradam-me, deixando-me sob o jugo imperioso de forças desordenadas.
      Ajuda-me agora, para que, por minha vez, eu possa ajudar mais tarde.
      Acolhe-me na terra fértil do teu coração e desenvolve-me os sentimentos latentes dentro de mim.
      Serei amanhã o que fizeres de mim agora. Não te peço muito.
      Rogo-te, apenas, que abras os braços e me alcances.
      Suaviza tua voz para ensinar-me e dá leveza à tua mão quando seja necessário corrigir-me. Mas não me deixes sem o carinho que estimula nem a correção que educa e salva.
      Confio em ti. Socorre-me hoje, e não mais tarde.
      Necessito urgente de orientação e sustento.
      Recebe-me enquanto não me maculam as nódoas da vida.
      Dilata as tuas possibilidades e eu coroarei os teus dias com as bênçãos da alegria perene, levando, pelas gerações em fora, a mensagem viva do teu auxílio como legatário natural da tua fé libertadora e santa.
      Irmão do Cristo, recolhe-me no teu amor em nome de Quem, em apresentando os pequeninos aos discípulos amados, asseverou pertencer o Reino dos Céus.

Anália Franco - (De: “Sementeira da Fraternidade”, de Divaldo Pereira Franco, por diversos Espíritos).

terça-feira, 8 de maio de 2012

VIDA E MORTE

A teimosa insistência negativa dos conceitos humanos, em torno das legítimas realidades da vida, faz que se conserve o verbete "morte" como sendo a expressão capaz de traduzir o aniquilamento do ser, no estágio posterior ao da decomposição orgânica.
Em verdade, porém, a desencarnação de forma alguma pode ser conceituada como o fim da vida.
Do lado de cá pululam seres que se localizam felizes ou inditosos em regiões compatíveis com o seu estado mental, em que a vida se lhes manifesta conforme o que trazem da jornada fisiológica, na qual edificaram propósitos e realizações, fixando ideias, plasmando objetivos, que defrontam depois do traspasse orgânico.
A perda do envoltório carnal não os santificou, não os desgraçou, não os extinguiu. Situou-os na dimensão em que cada um preferiu, mantendo os hábitos de prazer ou de renúncia com que se agraciam, mediante as realizações contínuas que vitalizaram pelo pensamento.
Multiplicam-se, povoadas de dores, as paisagens de sombras e as províncias de angústias, como se sucedem os panoramas de bênçãos e os painéis de luz, sustentados pelos valores pessoais intransferíveis, que identificam os viandantes recém-chegados da Terra...
Há, todavia, se assim desejarmos, um estágio espiritual que pode ter sido, transitoriamente, como um estado de morte: é o da consciência obliterada para a verdade, anatematizada pelos remorsos infelizes e pelos arrependimentos tardios; o da razão vencida pela revolta contumaz e pela toxicidade do ódio demoradamente conservado; o da inteligência gasta na inutilidade e no comércio do prazer fugaz...
Para tais espíritos há um demorado estado de morte, porque a perda do roteiro interior atira-os num dédalo onde não defrontam a luz nem encontram a esperança, terminando por anestesiarem os centros do discernimento longamente.
E não é por outra razão, conforme se refere o Mestre, que Deus não é o Senhor dos mortos, mas, sim, dos vivos.
Libertemo-nos das vendas que impedem a visão espiritual e dos vapores dos vícios que anestesiam, a fim de que a consciência livre nos enseje vida e sempre vida abundante.

(De “Intercâmbio mediúnico”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito João Cléofas)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

ENCANTO PESSOAL

        Generaliza-se e se intensifica, na sociedade hodierna, a irradiação agradável do encanto pessoal de cada criatura, que passa a condicionar-se em padrões de comportamentos capazes de conquistar admiração e gerar afetividade.
        Campeões da beleza estudam técnicas de apresentação e postura, a fim de mais expandirem os recursos de que são dotados, colocando-se a serviço do mercado das sensações, de que desfrutam largas fatias de fama e de dinheiro.
        Representantes do sexo em expansão, fixam conduta e artifícios de sedução, adquirindo certo magnetismo artificial de que se impregnam, conquistando espaço nos veículos de comunicação de massa, vendendo sensações fortes, sob o açodar de interesses vigorosos.
        Criaturas ambiciosas esfalfam-se em cursos de variada denominação, tentando imitar os seus ídolos, adaptando-se aos modismos, de forma a competir nos jogos das forças em desgoverno da propaganda exagerada, buscando aparecer e brilhar sob as luzes dos refletores.
***
        O encanto pessoal passou a constituir meta a ser lograda, como se a vida ficasse reduzida à aparência e ao fulgor breve da quadra juvenil.
        O magnetismo humano resulta do estado espiritual de cada ser.
        Conforme sejam as suas expressões íntimas, irradia-se a claridade ou a sombra da sua constituição emocional.
        Pode acontecer que a beleza física sobreponha-se aos estados mórbidos da personalidade, e um encanto que não corresponde à realidade se exteriorize atraente, agradável, avassalador...
        O treinamento artificial pode favorecer a aparência do indivíduo, para que se lhe torne mais interessante a presença.
        A maneira de falar, de vestir, de sentar, de andar, de comportar-se e o estudo de cada postura, dão ao ser humano um significado que contribui para a sua representatividade social.
        Indispensável, porém, que haja um esforço para a sua mudança interior, no sentido de melhorar-se.
        A aquisição e desenvolvimento dos valores morais permitem uma emanação de energia salutar, cativante, que torna a pessoa querida e respeitada.
        A técnica exterior, porém, é verniz que não logra ocultar a face real do homem, enquanto o seu estado de alma, trabalhado com os valores intelecto-morais, dá-lhe o verdadeiro brilho, que impregna todos quantos dele se acercam.
        Os expoentes do encanto pessoal, invejados e imitados, não raro vivem atormentados e inquietos, realizando mecanismos de evasão a fim de ocultarem, sob uma aparência irreal, o que lhes vai no íntimo.
***
        Narram os Evangelhos que, de Jesus, se irradiava peregrina claridade e que as Suas vestes resplandeciam.
        Quantos O tocavam se beneficiavam, pois que, Dele saíam virtudes...
***
        Se desejas possuir um superior magnetismo, envolvente e benéfico, em forma de encanto pessoal, ama e exterioriza o amor, tornando-te gentil e bom, afável e generoso, cordial e manso, alegre e devotado.
        O amor é o dínamo gerador de todas as forças positivas e representativas da vida, ao teu alcance, para a glória e a honra da própria Vida.
***
(De “Alegria de Viver”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

UM DIA

Um dia, verás a ti mesmo em plano diferente.
Parecer-te-á, então, haver acordado de um sono profundo e, por isso mesmo, tudo te surpreenderá. Amigos que não vias, há muito tempo, se aproximarão de ti, estendendo-te as mãos. Perguntarás a vários deles: onde estavas que não mais te encontrei? Por que te distanciaste de mim? Todos te abraçarão, com a alegria a lhes fulgurar nos olhos, Fitarás as árvores carinhosamente podadas, formando corações que palpitarão de vida, plantas outras, mostrando as frondes entrelaçadas, lembrando mãos que se tocam afetuosamente. Respirarás profundamente, reconhecendo, assim, as qualidades nutrientes do no ambiente em que te virás...
Naquela festa de almas, porém, um homem de olhar manso desce de um torreão brilhante e caminha na direção dele.
Em vão, o recém-chegado tenta retirar dele os olhos magnetizados pelo amor que o desconhecido irradia. Ele caminha serenamente a fixá-lo com bondade, com a familiaridade de quem o conhecia.
- “Ah! – pensou o recém-vindo decerto que este amigo me conhece, de longo tempo”.
A custo, venceu a própria indecisão, e indagou do companheiro mais próximo:
- “Quem é este homem que está chegando até nós”?.
- “É o Mensageiro da Vida”.
Não houve tempo para outras inquirições.
Efetivamente, aquela simpática e estranha personagem lhe endereçou saudações fraternas e segurando-lhe a destra, qual se nela conseguisse ler todas as minudências da sua vida, não lhe perguntou pelo próprio nome, nada argüiu quanto à família a que pertencera ou à posição que exercera... Apenas pousou nele demoradamente os olhos azuis e perguntou-lhe:
-“Amigo, o que fizeste?”

(Obra: A Semente de Mostarda - Chico Xavier/Emmanuel)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

TRIUNFO A QUALQUER PREÇO

        Momento grave o que se defronta após o compromisso assumido a respeito do intercâmbio espiritual, o de realizar o mister.
        Ali desfilam os que se permitiram estigmatizar pela leviandade, sofrendo as consequências da atitude arbitrária ao equilíbrio da vida orgânica...
        Mutilados da alma, apresentam, agora, as deficiências que os levaram a combalir, quando tombaram, irremissivelmente, no corpo...
        Acercam-se os que supunham enganar através do pitoresco da frivolidade, todavia, foram colhidos pela consciência em despertamento, e, tardiamente, perceberam a ilusão.
        Os antigos sátrapas e exploradores perdem a proteção que não dispensaram, porque na posição de mando se utilizaram da força e da impiedade, para se tornarem temidos, olvidando que a pujança da força repousa no amor e jamais o direito de usar da força pode dar amor a alguém...
        Esperam a compreensão que não quiseram dispensar àqueles que buscaram uma palavra de entendimento, um gesto fraterno, um momento de compreensão para se justificarem do equívoco cometido.
        A aflição e a amargura em que agora se encarceram decorrem da atitude de arrependimento que assumem no país da consciência ferida...
        A grande legião dos desencarnados em agonia é uma lição que merece consideração, porquanto, eles, ao transitarem pelo corpo carnal, se permitiram asseverar de que necessitavam ver para crer, como outros ora o fazem. Não obstante, hoje, que vêem e crêem, já não dispõem do ensejo de produzir com segurança, porque estão nas malhas das consequências lamentáveis.
        A vida são os sucessos que acontecem num como outro plano em que se manifesta.
        A tarefa do verdadeiro cristão é a do vigilante no posto do dever, no corpo ou fora dele, pois que sabe ser a caminhada evolutiva numa estrada assinalada por etapas, em que o berço e o túmulo funcionam como pontos de repouso e de atividade, impulsionando para um quanto para outro estado de consciência na busca da meta.
        Se encontras lanhado pelo sofrimento e com a alma despedaçada pelo agonia, não te detenhas; busca chegar ao termo do caminho de lutas a qualquer preço.
        Não importa como chegues, se nas asas sublimes da elevação pelo direto voo do espírito perfeito ou se de joelhos desconjuntados, o coração dorido e a alma em frangalhos, porém, herói das lutas vencidas.
        Enquanto não te suceda a conclusão da prova, olha para trás e distende a mão em atitude de socorro aos que necessitam de ajuda, da mesma forma que para o Alto alongas as tuas, na certeza de que outros te distendam as mãos da caridade.

João Cleófas - (De “Sementes de Vida Eterna, de Divaldo Pereira Franco – Diversos Espíritos)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

DINHEIRO E AMOR

ESE – Cap. XI – Ítem 9
Diante do bem, não pronuncies a palavra "impossível".
Certamente, sofres a dificuldade dos que herdaram a luta por preço das menores aquisições. Ainda assim, lembra-te de que a virtude não reside no cofre.
Onde encontrarias ouro puro a fazer-se pão na caçarola dos infelizes?
Em que lugar surpreenderias frágil cobertor tecido de apólices para agasalhar a criança largada ao colo da noite?
Entretanto, se o amor te faz lume no pensamento, arrebatarás à imundície a derradeira sobra da mesa, convertendo-a no caldo reconfortante para o enfermo esquecido, e farás do pano pobre o abrigo providencial em favor de quem passa, relegado à intempérie.
Uma garganta de pérolas não emite pequenina frase consoladora e um crânio esculpido de pedras raras não deixa passar leve fio de ideação.
Todavia, se o amor te palpita na alma, podes falar a palavra renovadora que exclui o poder das trevas e inspirar o trabalho que expresse o apoio e a esperança de muita gente.
Respeita a moeda capaz de fazer o caminho das boas obras, mas não esperes pelo dinheiro a fim de ajudar.
Hoje mesmo, em casa, alguém te pede entendimento e carinho e, além do reduto doméstico, legiões de pessoas aguardam-te os gestos de fraternidade e compreensão.
Recorda que a fonte da caridade tem nascedouro em ti mesmo e não descreias da possibilidade de auxiliar.
Para transmitir-nos semelhante verdade, Jesus, a sós, sem finança terrestre, usou as margens de um lago simples, ofertou simpatia aos que lhe buscavam a convivência, confortou os enfermos da estrada, falou do Reino de Deus a alguns pescadores de vida singela e transformou o mundo inteiro, revelando-nos, assim, que a caridade tem o tamanho do coração.

MEIMEI (Chico Xavier) - (De “O Espírito da Verdade”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – Espíritos Diversos)