Ei-los, em esfuziante
alegria, permutando sorrisos num festival de juventude, que lhes parece não ter
fim. Folgazões, transitam de cidade em cidade espairecendo, caçando prazeres,
renovando emoções. Quase esvoaçantes, coloridos, recordam bandos de aves
arrulhando nas florestas da vida.
Embriagados pelo licor da
frivolidade passam gárrulos e ligeiros, sem pousos certos, alongando-se pelas
estradas vastas das férias intermináveis.
Ao lado deles trabalham
aqueloutros que os invejam e lhes exploram a loucura, quais formigas diligentes
que acumulam para si, ceifando a plantação alheia, receosas da escassez
hibernal. São gentis a preço de ouro e vendem cortesia, detestando-os quase,
em silêncio, reprochando-lhes o comportamento leviano, sentindo-se magoados por
não poderem fazer o mesmo.
Aqueles vêm para cá buscando
o sol e estes saem daqui procurando as temperaturas brandas. Uns sobem as
montanhas e outros as descem, agitados, todos, a buscarem nada.
Perderam a paz íntima e não
sabem, talvez não desejem saber.
Anestesiam-se com a ilusão e
fogem da realidade, enlouquecendo paulatina, irreversivelmente.
***
Dizes que conheces as
nascentes da água lustral do bem e da harmonia. Gostaria de ofertá-las, a
cântaros cheios, ou abrindo, com as mãos da ternura, sulcos profundos por onde
jorrassem filetes a se transformarem em rios de abundância a benefício de todos.
Eles, porém, os sorridentes
e os corteses que defrontas, recusam a tua oferenda.
Falas sobre o amor e zombam.
Cantas a verdade e promovem
balbúrdia.
Emocionas-te ante a dor e os
irritas.
Apresentas Jesus e desertam,
ansiosos, tentando novas expressões de fuga, desinteressados e belicosos contra
ti.
Não te entristeças ante os
panoramas sombrios do momento. Logo mais, na estação própria, haverá luz e cor,
reverdecendo a paisagem cinza, florindo-a, perfumando-a.
Possivelmente, já
transitaste em rotas semelhantes e por essa razão sentes o amargor tisnar teus
lábios, vendo-os e ouvindo-os, sabendo que este ludíbrio não dura
indefinidamente. Eles despertarão sim, como já despertaste para outra realidade
que agora te abrasa a vida e dá-te forças para avançar.
***
Hoje, todos estes estão
fugindo de si mesmos. Ontem, porém, quando estavas com eles, fugias também,
conduzindo as armas da guerra e do crime, que alguns já têm nas mãos e que
outros irão tomá-las com avidez.
Considera, então, o quanto
macerou ao imensurável Rabi, vê-los, assim, sanguinários e irresponsáveis,
tendo-O ao lado sem O desejarem, ouvindo-O sem O quererem entender... Longa
para o Mestre foi a via dolorosa, enquanto com eles e com nós todos, até hoje,
que ainda não O sabemos amar nem servi-Lo.
Afeiçoa-te, por tua vez, à
lavoura do amor e semeia, conquanto escasseiem ouvidos abertos e mentes
acessíveis à semente de luz.
O Colégio Galileu reuniu
apenas doze, ao chamado de Jesus, e não obstante a deserção de um discípulo
equivocado, outro foi eleito para o seu lugar, ao tempo em que a palavra de
vida eterna se espalhava como pólen fecundo penetrando, desde então, milhões de
vidas que se felicitaram com a Verdade, alargando as avenidas da esperança para
a Humanidade inteira.
Assim, semeia e semeia.
Joanna
de Ângelis
(De “Sol de
Esperança”, de Divaldo P. Franco, - Diversos Espíritos)