Se
soubesses quão venenoso é o conteúdo de fel a tisnar o cálice da aversão,
decerto compreenderias que todo golpe de crueldade não é senão desafio à tua
capacidade de entendimento.
*
Se
soubesses a trama de sombra que freme, perturbadora, em torno da palavra
infeliz que proferes, na crítica à luta alheia, preferirias amargar no silêncio
as feridas de tua mágoa, esperando que o tempo lhes ofereça a necessária
medicação.
*
Se
soubesses a quantidade dos crimes, oriundos da revolta e da queixa, escolherias
padecer toda sorte de sofrimento antes que reclamar consideração e justiça em
teu próprio favor.
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Se
soubesses a multidão de males que a vingança provoca, esquecerias sem custo os
braseiros de dor que a calúnia te arremessa à existência.
*
Lembra-te
de que o ódio é o grande fornecedor das prisões e de que a cólera é responsável
pela maior parte das moléstias que infelicitam a vida e guarda o coração na
grande serenidade, se te propões conservar em ti mesmo o tesouro da paz e a
bênção da segurança.
*
Ainda
mesmo que alguém te ameace com o gládio da morte, desculpa e segue adiante,
porque as vítimas ajustadas aos marcos do Bem Eterno elevam-se de nível,
enquanto que os ofensores, ainda mesmo os aparentemente mais dignos, descem aos
precipícios do tempo para o acerto reparador.
*
De
qualquer modo, se a aflição te procura, cala e perdoa sempre, porque se o
Mestre nos exortou ao amor pelos inimigos, também nos advertiu que a mão
erguida à delinquência da espada, agora, hoje ou amanhã, na espada fenecerá.
(De
“Alma e Luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)