Eu me lembro bem quando minha mãe disse:
– Um dia minha filha você vai me entender.
Hoje eu entendo, entendo esse amor inexplicável,
tão grande, mas tão grande,
que parece que o nosso peito vai explodir, quase dói né?
Eu entendo que a gente vai varias vezes ao quarto do filho para ver se ele tá respirando ali enquanto dorme,
e que mesmo depois de uma noite mal dormida,
ou as vezes não dormida,
no dia seguinte a gente é capaz de trabalhar e aguentar o dia mesmo se sentindo um zumbi,
porque o filho acordou sorrindo,
alias o sorriso do filho é tudo né?
A gente só quer que eles sejam felizes,
simples assim,
quando ficam doentes queríamos que fosse com a gente,
tentamos protege-los de tudo,
do mundo,
eles não vêm com bula e nem tem manual para as mães de primeira viagem,
é só errando que se aprende,
e a melhor educação que a gente pode dar é o exemplo,
e é só deixando que eles enfrentem as frustrações que eles vão crescer,
alias, eles crescem rápido,
rápido demais,
e de repente a gente vira um mico,
“ai que mico mãe”,
eles querem distância,
eles precisam voar,
e não é pra isso que a gente cria,
pro mundo...
Pra gente eles sempre vão ser os nossos bebês,
mas um dia eles também vão nos entender
e como dizia a minha mãe,
dia da mãe é todo o dia,
mas como é bom aquele olhar,
aquele beijo,
um abraço,
um bilhetinho que seja,
num dia só nosso né?
– Então parabéns pra todas nós nesta data e em todos os outros dias do ano.
De Cora Coralina, grande poetisa do Estado de Goiás, retiramos a seguinte peça literária:
Eu voltarei.
Meu companheiro de vida será um homem corajoso de trabalho, servidor do próximo, honesto e simples, de pensamentos limpos.
Seremos padeiros e teremos padarias. Muitos filhos à nossa volta.
Cada nascer de um filho será marcado com o plantio de uma árvore simbólica.
A árvore de Paulo, a árvore de Manoel, a árvore de Ruth, a árvore de Roseta.
Seremos alegres e estaremos sempre a cantar.
Nossas panificadoras terão feixes de trigo enfeitando suas portas, teremos uma fazenda e um horto florestal.
Plantaremos o mogno, o jacarandá, o pau-ferro, o pau-brasil, a aroeira, o cedro.
Plantarei árvores para as gerações futuras.
Meus filhos plantarão o trigo e o milho, e serão padeiros.
Terão moinhos e serrarias e panificadoras.
Deixarei no mundo uma vasta descendência de homens
e mulheres, ligados profundamente ao trabalho e à terra que os ensinarei a amar.
E eu morrerei tranquilamente dentro de um campo de trigo ou milharal, ouvindo ao longe o cântico alegre dos ceifeiros.
Eu voltarei...
A pedra do meu túmulo será enfeitada de espigas de trigo e cereais quebrados.
Minha oferta póstuma às formigas que têm suas casinhas subterra, e aos
pássaros cantores que têm seus ninhos nas altas e floridas frondes.
Eu voltarei...
* * *
Todos nós, certamente voltaremos a este chão, ou a outro qualquer deste Universo infinito...
A reencarnação é Lei Divina, e todos estamos sujeitos a ela, querendo ou não, tendo consciência disso ou ainda não.
O Criador nos dá a chance de continuar, em próxima existência, aquilo que nesta não pudemos lograr.
O Criador abre sempre a porta do arrependimento, da oportunidade da
reparação àqueles que desejam volver aos braços seguros do amor.
Se porventura, na existência atual, teus sonhos maiores parecerem ser arrancados de teu coração, confia em Deus.
Se vês teus planos de felicidade partirem para longe, embarcados nas
caravelas da enfermidade, do sofrimento profundo, segue confiando em
Deus.
Se percebes que ainda não lograrás, nesta vida, a alegria que planejaste
no imo de teu coração, para ti e para os teus, tem calma e confia em
Deus.
Vê a lida atual apenas como capítulo breve da grande obra do teu existir como Espírito imortal.
Guarda teus sonhos e resiste à dor, sem amargura, sem revolta,
compreendendo que é o abraço apertado do sofrer que nos faz mais fortes,
e mais preparados para merecer e conquistar a ventura maior.
Tem certeza que o sol volverá, o sorriso ressurgirá, e que tu também, viajor universal do tempo, voltarás!
Novos tempos, ei-los aí chegados.
Forjados no ápice da vaidade e egoísmo humanos, nascidos da lama das
guerras fratricidas do século passado, no rastro das revoluções de
corações e mentes.
Novos tempos, sim.
Representados nas crianças que nascem sorrindo. Nos seres que vão embora dormindo.
Tempos que oferecem uma nova plantação aos semeadores.
Como disse Allan Kardec em O Que É o Espiritismo?, tempos em que a união
de pensamentos em torno da solidariedade e fraternidade universais
podem promover uma evolução moral dos indivíduos.
Eis o momento mágico em que a verdade dos espíritos bate em todas as portas.
Não como uma instituição, não como um dogma, muito menos uma religião tradicional.
Foi Kardec mesmo quem apressou-se a dizer que aquela doutrina que estava
sendo decodificada no fervor científico do século XIX seria infinita e
eterna.
Eterno espiritismo, mutável e progressista para se adequar à sociedade
de todos os tempos, mas sempre ciência de observação, doutrina
filosófica de vida e uma nova forma de religar o homem a Deus.
Consequências religiosas que nascem longe dos erros do passado com tantas e tantas lições expiatórias.
Eis o espiritismo, então, renovando o seu tempo, sem precisar ser o fim em si mesmo, mas apenas o meio.
E como o meio é a mensagem, ei-la propagada não através dos métodos
tradicionais que outrora ergueram as bandeiras de verdades e mentiras
incompletas.
Mas sim através dos homens e suas vidas transformadas.
O homem, o tempo, o espírito.
O verdadeiro espírita é aquele que pratica a reforma íntima e, então,
ilumina o mundo ao seu redor. Não impõe sua crença. Não divide o mundo
entre nós e eles. Vive de fé raciocinada. De amor e caridade. Impregna
seu trabalho com essa verdade. E escreve as linhas da história do novo
homem.
O desafio que se impõe é grande.
Eis a flotilha e os corajosos remadores que não conhecem o oceano à
frente, mas são os pioneiros que anseiam por descobrir, no erro e no
acerto, como será o mundo regenerado que bate à nossa porta.
Usam câmeras, microfones, palavras. Suor e lágrimas.
Antes de ser um audiovisual espírita que se forma e esbarra na fraqueza
dos adjetivos limitadores, que seja então o espírita no audiovisual.
O espírita de verdade capaz de impregnar sua arte eterna, de navegar em
todos os mares, de falar todas as línguas, contar todas as histórias,
cantar todas as músicas e, enfim, imaginar e criar um mundo melhor
dentro de si e à sua volta, anunciando-o então com humildade e alegria.
Parabéns a Fundação Espírita André Luiz pelo trabalho de amor que realiza.
Que seja ele sempre uma semente diária na proclamação desses novos tempos, desta nova história cujo protagonista é um só.
Em nome de Deus.
Wagner Assis - diretor e roteirista do filme Nosso Lar
Após comentar fatos reais que vivenciou com intolerância e preconceito
religioso, enalteceu o trabalho que Chico Xavier realizou em favor do
Bem Maior.
"O mundo só vai ter solução no dia que a gente descobrir que, antes das
nossas denominações religiosas, nós somos pessoas, com sonhos,
esperanças e que o mundo vai ficar mais bonito, na medida em que, mesmo
rezando em templos diferentes, depois do templo, a gente possa comer no
mesmo restaurante."
Referência, todos precisamos de referências para saber como agir.
Desde criança nossas ações são influenciadas profundamente pelos referenciais que temos mais próximos de nossas vidas.
Entendemos hoje que a família é o primeiro modelo de comportamento que o infante tem à sua disposição e que será de suprema importância em seu desenvolvimento.
Foi assim que, entendendo esta característica humana milenar, Allan Kardec, iniciando a exposição das Leis Morais em sua obra-prima, O livro dos Espíritos, inquiriu à Espiritualidade:
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
Há sabedoria na pergunta kardequiana, que inicialmente vê como indispensável termos referencial, e depois na solicitação de um tipo mais perfeito.
Sim, precisamos ter um Guia e Modelo acima de todos os outros. Um inquestionável, que apresente todas as características de perfeição possíveis.
A resposta dos Espíritos é muito clara e objetiva:
Jesus.
Logo em seguida, o professor lionês faz um comentário esclarecedor:
Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.
Deus no-Lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor(...)
Aí está Kardec ressaltando uma vez mais a idéia de Modelo e Guia proposta por ele mesmo no questionamento inicial.
Faz-se mister que diferenciemos, didaticamente, estas duas características desse Mestre maior, para que nos aprofundemos mais nas reflexões.
O que podemos entender por modelo?
Modelo seria uma forma típica para se reproduzir ou imitar.
Para os pintores, escultores, o modelo é a figura a ser copiada, ou a referência única de inspiração para se compor uma obra.
No mundo da moda, os modelos são padrões de beleza ditados por esta ou aquela corrente, neste ou naquele momento da História.
Entender Jesus como Modelo, é perceber em Seus atos, em Suas atitudes, na maneira como procedeu nesta ou naquela situação, uma referência atemporal a ser imitada.
Quando o Mestre proclama, heróico: Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei comigo que sou manso e humilde de coração, Ele nos diz:
Percebam Minha mansidão ao enfrentar as adversidades da vida. Mirem-se na Minha humildade, virtude que já tenho conquistada, para que vocês construam a sua.
Em outra feita, quando nos momentos finais de sua vida na Terra, pede ao Pai Maior que compreenda os que O estavam assassinando, Ele exemplifica o perdão incondicional.
Nas entrelinhas poderíamos ler: Inspirem-se no Meu exemplo. Estou compreendendo, perdoando aqueles que Me matam. Façam o mesmo.
O que podemos entender como Guia?
Guia é aquele que aponta o caminho, que conduz, que aconselha.
E o Cristo sempre foi o Guia por excelência, mostrando-nos todos os caminhos seguros, alertando-nos sobre as trilhas incertas e perigosas.
Jesus estava sendo Guia quando disse: Aquele que quiser ser o maior dentre vós, seja o servo de todos.
Ele apontava assim o caminho da grandeza de Espírito, a grandeza de quem serve.
Ao recitar as bem-aventuranças, Ele deixava claro quais as consequências de quem tomasse o caminho da misericórdia, do pacifismo, da pureza de coração...
Finalmente, coroando Sua missão como Guia e Modelo, deixa-nos Seu maior ensinamento: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei.
Como Guia lúcido, indica o caminho seguro do amor.
Como Modelo irretocável, sugere-nos que nos inspiremos em Sua forma de amar, na maneira sublime com que amou a Humanidade inteira.
Não importa onde você parou... em que momento da vida você se cansou... o que importa é que sempre é possível e necessário recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e, o mais importante: acreditar em você novamente.
Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado...
Chorou muito? Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechou a porta até para os anjos...
Está se sentindo sozinho? Talvez você tenha afastado as pessoas no seu "período de isolamento"..
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da sua melhora...
Pois bem, agora é hora de reiniciar, de pensar na luz... de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para se aproximar.
Que tal dar um jeito no visual, fazer um novo curso ou realizar aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa?
Observe quantos desafios a vida está a lhe oferecer!
Quanta coisa nova está esperando para ser descoberta!
Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos, ficamos horríveis.
O mau humor vai minando nosso fígado, até a boca ficar amarga.
Se você está se sentindo assim, com a sensação de derrota, é hora de recomeçar...
E hoje é um bom dia para enfrentar novos desafios.
Defina aonde você quer chegar e dê o primeiro passo.
Comece por fazer uma faxina mental, jogando fora todos esses pensamentos e sentimentos pessimistas que se acumularam ao longo do tempo.
Atire para longe os ressentimentos, as mágoas, os melindres que impedem a felicidade de entrar.
Desfaça-se desse sentimento de inferioridade, de incapacidade, e valorize-se. Você é o que fizer de você.
Em seguida, faça uma faxina no seu quarto. Jogue fora todo aquele lixo que você acumula há tempos, só como recordação do passado.
Papéis velhos dos quais você nunca precisou. Disco e fitas que você não irá mais ouvir, ingressos de cinema, bilhetes de viagens, e tudo aquilo que só traz recordações tristes.
Abra seu guarda-roupa e retire tudo o que não usa mais. Doe para alguém que precisa. Doe os calçados que apertam seus pés ou que não servem porque seu número não é mais o mesmo.
Para recomeçar é preciso abrir espaços mentais e físicos...
Depois que tomar essas providências, leia um bom livro, assista um bom filme, para alimentar sua mente com idéias positivas e otimistas.
Aproxime-se dos amigos, dos familiares, das pessoas alegres que ajudarão você a sustentar o bom ânimo e a coragem.
Evite, enquanto se restabelece, a presença de pessoas pessimistas e desanimadas. Só as busque quando estiver forte o bastante puder ajudá-las.
Busque um lugar calmo e eleve a Deus uma prece.
Mas comece agradecendo pela vida, pelas oportunidades renovadas, pelos obstáculos e desafios que surgem no caminho. Eles nos fazem mais forte quando os superamos.
Lembre-se: o dia de hoje é uma página em branco que o Criador lhe oferece para que você escreva um novo capítulo da sua história.
Recomeçar é só uma questão de querer. Se você quer, Deus quer. É por isso que Ele acena sempre com essa nova chance chamada presente.
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de
funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais
importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso
entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando
desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos
encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade
de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um
presente divino: o amor.
Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem
mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e
a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e
enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com
ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela
estivesse ali do seu lado… se você achar a pessoa maravilhosamente
linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados…
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro
que está marcado para a noite… se você não consegue imaginar, de
maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado…
Se você tiver a certeza de que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo
assim, tiver a convicção de que vai continuar sendo louco por ela… se
você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou
na sua vida. É uma dádiva.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer
verdadeiramente.
É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as
loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o
amor.
Antes de iniciar uma enorme empreitada para recursos financeiros a
pretexto do serviço de Jesus, reflita! pois, gestos simples sublimam.
Ante a agonia de um doente em convalescença no hospital, tua mão pode
ser o instante de paz que o enfermo precisa. Teu "toque de afeto" pode
ser o instrumento capaz de tornar o irmão combalido forte para divisar a
nova janela que se abre de saúde física ou de retorno à pátria
espiritual.
Antes da eclosão de palavras encolerizadas que fomentaram o sentimento
de raiva e injúria que perpassa sem freios em teu pensamento em fúria
doméstica, se um "olhar fraterno" fosse lançado na turva de pensamentos
rancorosos, talvez não seria necessário pedir perdão depois.
Quando, tiveste ganho a quantia que te acelerou as conquistas
financeiras, teu ímpeto regozija-se no consolo dos seres em sofrimento
espalhados aos milhares na faixa de tuas inúmeras captações visuais
diárias. Ou mesmo, "um pensamento de amor", saltasse de tua decisão para
com o próximo. Acredito que, teus dias não seriam tão vazios apesar da
casa cheia, repleta de gente e distantes da gratidão.
Da boca, aglomera-se as vertentes de pacificação ou discórdia. A ti,
reverbera as múltiplas possibilidades de registro no universo para o
crescimento moral ou à estagnação.
Antes de pensar na gigantesca fortaleza para abrigar enfermos da alma, reflita se ao
encontrar teu irmão em dor, tú :
Tens "um pensamento de amor" ?
Costumas ao divisá-lo, ter um "olhar fraterno" ?
E no auge da compaixão, se preciso for doas um "toque de afeto" ?
A grande diferença entre os ditos trabalhadores do bem e os que são chamados de
enfermos, é que: Nós somos enfermos que trabalhamos para tentar ajudar outros.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra
vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se
acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se
acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as
cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se
acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na
hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no
ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche
porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A
cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado
sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E,
aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.
E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E,
não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra,
dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje
não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A
ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E
a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que
precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas
valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho,
para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se
cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e
ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao
cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado,
lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e
cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os
olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação
da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir
passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a
não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas,
tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento
ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na
primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a
gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro,
a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não
há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito
porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a
pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de
faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a
vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se
perde de si mesma.
Plasma a obra que vieste realizar entre os homens, enquanto o apoio do tempo te favorece.
Suporta com paciência as vicissitudes da estrada e aceita, nas circunstâncias difíceis, a justiça da vida que volta a pedir-te contas.
Na tarefa mais obscura, apõe o selo da bondade, e, na conversação mais simples, modela a palavra luminosa do entendimento.
Abraça em cada pessoa que te cruze o caminho, alguém que te leve mais longe a mensagem de auxílio, e, em cada página, por mais pequenina, que te registre o pensamento, grava o amor puro que te verte do ser.
Observa o relógio impassível.
Minuto marcado é valor que não torna.
Terás, sim, outros minutos, mas em novo dia, em novo problema, em nova situação e em nova paisagem...
Toda criatura terrestre, embora não perceba, vive a despedir-se do mundo, pouco a pouco, despachando, cada dia, com os próprios atos, a bagagem que encontrará na estação do destino.
Use, desse modo, as forças que Deus te empresta, na construção do bem, porque, amanhã, quando a morte chegar, compreenderás, por fim, que tudo quanto fizeste aos outros a ti mesmo fizeste.
Lembra-te das mercês que o Senhor te confere pelos braços do tempo e espalha gratidão e alegria onde estiveres... Repara as forças da Natureza, a emergirem, serenas, de todos os cataclismos. Corre a fonte cantando pelo crivo do charco... Sussurra a brisa melodias de confiança após a ventania destruidora... A árvore multiplica flores e frutos além da poda... Multidões de estrelas rutilam sobre as trevas da noite... E cada manhã, ainda mesmo que os homens se tenham valido da sombra para enxovalhar a terra com o sangue do crime, volve o Sol, em luminoso silêncio, acalentando homens e vermes, montes e furnas. Ainda mesmo que o mal te golpeie transitoriamente o coração, recorda os bens que te compõem a riqueza da saúde e da esperança, do trabalho e do amor, e rejubila-te, buscando a frente. Tédio é deserção. Pessimismo é veneno. Encara os obstáculos de ânimo firme e estampa o otimismo em tua alma para que não fujas aos teus próprios compromissos perante a vida. Serenidade em nós é segurança nos outros. O sorriso de paz é arco-íris no céu de teu semblante. "Regozijai-vos sempre"- diz-nos o apóstolo Paulo. E acrescentamos: - rejubilemo-nos em tudo com a Vontade de Deus, porque a Vontade de Deus significa Bondade Eterna.
Com o tempo...
Você aprende que estar com alguém só porque esse alguém lhe oferece um bom futuro, significa que mais cedo ou mais tarde você irá querer voltar ao passado...
Com o tempo...
Você se dará conta que casar só porque “está sozinho(a)”, é uma clara advertência de que o seu matrimônio será um fracasso...
Com o tempo...
Você compreende que só quem é capaz de lhe amar com os seus defeitos, sem pretender mudar-lhe, é que pode lhe dar toda a felicidade que deseja...
Com o tempo...
Você se dará conta de que se você está ao lado de uma pessoa só para não ficar sozinho(a), com certeza uma hora você vai desejar não voltar a vê-la...
Com o tempo...
Você se dará conta de que os amigos verdadeiros valem mais do que qualquer montante de dinheiro...
Com o tempo...
Você entende que os verdadeiros amigos se contam nos dedos, e que aquele que não luta para os ter, mais cedo ou mais tarde se verá rodeado
unicamente de amizades falsas...
Com o tempo...
Você aprende que as palavras ditas num momento de raiva, podem continuar a magoar a quem você disse, durante toda a vida...
Com o tempo...
Você aprende que desculpar todos o fazem, mas perdoar, só as almas grandes o conseguem...
Com o tempo...
Você compreende que se você feriu muito um amigo, provavelmente a amizade jamais será a mesma...
Com o tempo...
Você se dá conta de que cada experiência vivida com cada pessoa, é irrepetível...
Com o tempo...
Você se dá conta de que aquele que humilha ou despreza um ser humano,
mais cedo ou mais tarde sofrerá as mesmas humilhações e desprezos,
só que multiplicados...
Com o tempo...
Você aprende a construir todos os seus caminhos hoje, porque o terreno de amanhã é demasiado incerto para fazer planos...
Com o tempo...
Você compreende que apressar as coisas ou forçá-las para que aconteçam, fará com que no final não sejam como você esperava...
Com o tempo...
Você se dará conta de que, na realidade, o melhor não era o futuro,
mas sim o momento que estava vivendo naquele instante...
Com o tempo...
Você aprende que tentar perdoar ou pedir perdão, dizer que ama, dizer que sente falta, dizer que precisa, dizer que quer ser amigo... ...junto de um caixão... ...deixa de fazer sentido...
Por isso, recorde sempre estas palavras:
O homem torna-se velho muito rápido e sábio demasiado tarde.
Exatamente quando:
JÁ NÃO HÁ TEMPO!
Meu avô, com noventa e tantos anos, estava sentado
no banco do jardim.
Estava cabisbaixo, quieto, olhando para as suas mãos.
Sentei-me ao seu lado, e no seu silêncio nem notou
a minha presença.
O tempo passava...
Querendo saber se ele estava bem lhe perguntei como se sentia.
Levantou sua cabeça, olhou para mim e sorriu.
-Estou bem, respondeu.
E me fez uma pergunta:
-Alguma vez já olhaste as tuas mãos? Quero dizer, realmente
olhou para elas?
Fiquei calada pela surpresa daquela pergunta, e ele continuou:
-Pare e pense um momento sobre como tuas mãos tem te servido
através dos anos...
Estas mãos, ainda enrugadas, secas e débeis,
tem sido as ferramentas que usei durante toda a minha vida para
alcançar, pegar e envolver. Elas puseram comida em minha boca
e roupa em meu corpo.
Quando criança, minha mãe me ensinou a junta-las em oração.
Elas amarraram os cadarços dos meus sapatos e me ajudaram
a calçar as minhas botas. Estiveram sujas, esfoladas, ásperas,
entrelaçadas e dobradas...
Foram decoradas com uma aliança e mostraram ao mundo que
estava casado e que amava alguém muito especial.
Estas mãos tem as marcas de onde estive e a dureza da minha vida.
Mas, o mais importante, é que são estas mãos que Deus tomará
nas Suas quando me levar à Sua presença...
Desde então, depois daquela tarde nunca mais vi minhas mãos
da mesma maneira...
Conta-se que um monge eremita viajava através das aldeias, ensinando o bem.
Chegando a noite e estando nas montanhas, sentiu muito frio. Buscou um
lugar para se abrigar. Um discípulo jovem ofereceu-lhe a própria
caverna. Cedeu-lhe a cama pobre, onde uma pele de animal estava
estendida.
O monge aceitou e repousou. No dia seguinte, quando o sol estava
radiante e ele deveria prosseguir a sua peregrinação, desejou agradecer
ao jovem pela hospitalidade.
Então, apontou o seu indicador para uma pequena pedra que estava próxima e ela se transformou em uma pepita de ouro.
Sem palavras, o velho procurou fazer que o rapaz entendesse que aquela
era a sua doação, um agradecimento a ele. Contudo, o rapaz se manteve
triste.
Então, o religioso pensou um pouco. Depois, num gesto inesperado,
apontou uma enorme montanha e ela se transformou inteiramente em ouro.
O mensageiro, num gesto significativo, fez o rapaz entender que ele estava lhe dando aquela montanha de ouro em gratidão.
Porém, o jovem continuava triste. O velho não pôde se conter e perguntou:
Meu filho, afinal, o que você quer de mim? Estou lhe dando uma montanha inteira de ouro.
O rapaz apressado respondeu: Eu quero o vosso dedo.
* * *
A inveja é um sentimento destruidor e que nos impede de crescer.
Invejamos a cultura de alguém, mas não nos dispomos a permanecer horas e horas estudando, pesquisando. Simplesmente invejamos.
Invejamos a capacidade que alguns têm de falar em público com
desenvoltura e graça. Contudo, não nos dispomos a exercitar a voz e a
postura, na tentativa de sermos semelhantes a eles.
Invejamos aqueles que produzem textos bem elaborados, que merecem
destaque em publicações especializadas. No entanto, não nos dispomos ao
estudo da gramática, muito menos a longas leituras que melhoram o
vocabulário e ensinam construção de frases e imagens poéticas.
Enfim, somos tão afoitos quanto o jovem da história que desejava o dedo
do monge para dispor de todo o ouro do mundo, sem se dar conta de que
era a mente que fazia as transformações.
* * *
Pensar é construir. Pensar é semear. Pensar é produzir.
Vejamos bem o que semeamos, o que produzimos, nas construções de nossas vidas, com as nossas ondas mentais.
No lugar da inveja, manifestemos a nossa vontade de lutar para crescer,
com a certeza de que cada um de nós é inigualável. O que equivale a
dizer que somos únicos e que ninguém poderá ser igual ao outro.
Cada um tem seus tesouros íntimos a explorar, descobrir e mostrar ao mundo.
Quando pensamos, projetamos o que somos. Pensemos melhor. Pensamento é vida.
Uma mulher que já havia perdido a luta contra o câncer, nos seus últimos
momentos da existência escreveu um desabafo que poderíamos intitular:
Se eu tivesse uma segunda chance.
Diz mais ou menos assim:
Se eu tivesse minha vida para viver novamente eu falaria menos e ouviria
mais. Eu convidaria os amigos para o jantar, mesmo que o carpete
estivesse sujo e o sofá desbotado.
Eu comeria pipoca na sala de estar com as crianças e me preocuparia
menos com a sujeira, quando alguém pensasse em acender a lareira.
Eu tiraria um tempo para ouvir meu avô contar-me sobre sua juventude e
jamais insistiria para que as crianças fechassem as janelas do carro no
verão, por causa do meu cabelo, que havia acabado de arrumar.
Eu acenderia aquela vela em forma de rosa, antes dela se desmanchar. Eu
me sentaria no chão com meus filhos, sem me preocupar com a roupa. Eu
choraria menos assistindo televisão e viveria mais intensamente a minha
vida.
Eu iria para cama quando estivesse doente, ao invés de agir como se o mundo fosse acabar, caso eu não saísse naquele dia.
Ao invés de ficar reclamando durante os nove meses de gravidez, eu
aproveitaria cada momento pensando em como a vida que se desenvolvia
dentro de mim era um milagre de Deus.
Quando os meus filhos me beijassem e abraçassem espontaneamente, eu
jamais diria: " Mais tarde! Agora vamos lavar as mãos para jantar."
Haveria mais "Te amo"... Mais "Me desculpe", mas, principalmente, se
tivesse a minha existência prolongada, eu iria aproveitar cada minuto...
Vivê-lo intensamente... E nunca desperdiçá-lo.
Mas isso tudo, era se eu tivesse uma segunda chance...
* * *
Aquela mulher não teve sua existência prolongada para refazer o caminho e repensar valores, mas você ainda tem tempo.
Pense na importância de cada minuto e o utilize para construir a sua felicidade e a felicidade daqueles que você ama.
Conquiste novos amigos, dê atenção aos já conquistados e conviva mais com os filhos e demais familiares.
Adquira o hábito da leitura saudável e busque aprender um pouco mais
sobre as Leis que regem a vida espiritual, que é para onde você irá mais
cedo ou mais tarde.
Viva intensamente cada momento de sua existência, mas com moderação.
Preste atenção no que as pessoas lhe dizem e cuide bem da sua saúde.
Doe um pouco do seu tempo aos velhos abandonados nos asilos.
Dê afeto a uma criança órfã.
Distribua alegria aos que caminham tristes e sós.
Renove as esperanças de alguém.
Não dê tanta importância às aparências exteriores, nem ao que pensam de você.
E lembre-se de que o que realmente importa é estar bem com a própria consciência.
* * *
O dia que amanhece é uma chance a mais que o Criador lhe concede para que você construa a sua felicidade.
Cada hora desse dia é oportunidade renovada a cada sessenta segundos.
Cada minuto que passa é sempre tempo de pensar ou repensar posturas, atitudes, valores.
Considerando tudo isso, entendamos muito bem que Deus não nos oferece
apenas uma segunda chance, mas muitas chances num só dia. Para ser mais
exato, vinte e quatro horas de oportunidades por dia, sessenta minutos
de chances por hora e sessenta segundos por minuto.
E sabemos que, para uma tomada de decisão, não precisamos mais que um décimo de segundo.
Pensemos nisso!
Excelso Companheiro,não nos permitas a leviandade de caráter...
Livra-nos de máscaras e disfarces que afivelemos à face.
Que sejamos o que somos,com a obrigação de sermos sempre mais.
Não nos deixe continuar na condição de "sepulcros caiados"...
Que busquemos a integridade moral.
Todavia,que não nos tornemos moralistas para com os irmãos ainda frágeis...
Que não nos esqueçamos de que caminhamos tangenciando o abismo de nossas imperfeições.
Que a ninguém acusemos ou atiremos pedras...
Somos frágeis,Senhor,e,sem o Teu amparo,a qualquer instante,poderemos cair.
Despoja-nos das exterioridades do eu e sê conosco,em nossos propósitos de melhorar!
No santuário do lar, recordando a tua sábia conduta, no abençoado reduto doméstico, nós, os discípulos imperfeitos da tua mensagem de luz, erguemo-nos para rogar em favor das nossas lutas. Ajuda-nos a amar, embora a aflição de que nos sentimos objeto: Ensina-nos a servir, apesar dos desencantos que acumulamos; Oferece-nos inspiração para as atividades, mesmo em face do cansaço ou do desespero que nos esmagam; Doa-nos a alegria, conquanto as chuvas de fel nos atormentem; Instrui-nos no serviço do bem, mesmo com as feridas não cicatrizadas das lutas renhidas; Levanta-nos para prosseguir e perseverar! Não somos outros espíritos... Somos os dilapidadores da paz alheia, envergando roupagens novas; Somos os algozes do passado, travestidos de vítimas no presente; Somos os inquietadores agora inquietados; Somos os semeadores da discórdia, colhendo cardos; Somos os pomicultores da usura nas mãos da necessidade; Recapitulamos para aprender, recomeçamos para crescer. Ainda ontem, ouvindo tua voz, desertamos do dever, e dizendo-Te servir, distendemos a impiedade e a perturbação... Hoje, porém, libertados da imprudência, levantamo-nos para a vida. Sê nossa rota, nossa luz, nosso bastão. Senhor, sustenta a nossa fragilidade e apiada-te de nós!